14 julho, 2024

DESABAFO

Escrevi este texto em julho de 2009 e resolvi publica-lo mais uma  vez para servir de reflexão para quem ainda convive com seus pais e suas mães.

Fico observando os filhos visitarem os pais no Lar Divino Ferreira Braga, um asilo de caridade da Sociedade São Vicente de Paulo na minha cidade. A maioria dos moradores são visitados pelos parentes nos três primeiros meses, mas depois são apenas lembranças e menos um estorvo para serem cuidados dentro de casa. De vez em quando alguns são levados para almoçar nas suas casas, e como presidente do Lar não sei se isto é bom para os moradores porque não deve ser nada agradável ficar remoendo velhas lembranças.
Vejam por que penso assim: Um pai, uma mãe ou um irmão ficam o tempo inteiro sentados olhando para as paredes ou agarrados nas grades das janelas do asilo olhando para a rua como se fossem prisioneiros da amargura, e em um domingo de manhã saem
para almoçar com os irmãos, com os filhos, com a esposa ou marido e com netos ao seu redor, e à tarde são novamente levados para os seus quarto no asilo para voltar a ficar o tempo inteiro sentado olhando para as paredes ou agarrado nas grades das janelas do asilo olhando para a rua como se fosse mais um prisioneiro da amargura.
Hoje travei um longo diálogo com uma amiga advogada que é mais uma adepta da lei contra o asilamento das pessoas. Falamos sobre o Estatuto do Idoso, que no papel nos dá a impressão de que nós da terceira idade viveremos num paraíso. Este estatuto obriga as pessoas cuidarem dos seus parentes, em muitos casos, nada queridos. Os legisladores não levaram em consideração a condição socioeconômica das pessoas que em muitos casos não têm nenhuma condição financeira ou emocional para assumir tal obrigação. E esqueceram também que nenhuma lei conseguirá colocar amor e caridade no coração das pessoas. O estatuto também prevê que: “Todo idoso tem direito a um acompanhante quando estiver hospitalizado” com a alegação de que isso ajudará na recuperação do paciente, mas os hospitais públicos transformaram este direito em obrigação alegando falta de funcionários. Será que os legisladores sabem que a maioria dos acompanhantes são pessoas estranhas contratadas para tal função? Hoje, junho de dois mil e dezenove, a remuneração dos acompanhantes em dois turnos custa aos parentes a quantia de R$ 200,00 por  dia, ou seja, R$ 6.000,00 por mês. Enquanto isso, milhares de técnicos e auxiliares de enfermagem que pagaram caro por um curso na esperança de um emprego estão desempregados enquanto uma grande maioria dos políticos e funcionários públicos corruptos, (existem belas e magnificas exceções), descaradamente desviam as verbas destinadas à saúde para os seus bolsos. Já que estamos falando de saúde e de cuidados, vejamos... Uma pessoa pobre tem condição de cuidar de um parente acamado em casa? Coloque-se no lugar de um assalariado que precisa trabalhar para sustentar sua família. Quando o seu ente querido precisar de acompanhante em um hospital ou de alguém para o acompanha-lo no seu domicílio, este cidadão terá que parar de trabalhar? Quando se tem uma boa condição financeira tudo é muito simples, mas Infelizmente a realidade é outra e muito mais perversa, e a crueldade é real. Esta realidade nos mostra filhos e netos explorando seus pais e avós os obrigando a cuidar dos seus netos e bisnetos.
Vamos ser bem práticos: Quantas pessoas você conhece que pode levar um pai, uma mãe ou um irmão com problemas mentais ou outra enfermidade para dentro de suas casas deixando-os ficarem com seus filhos enquanto o casal sai para trabalhar?  
Em sã consciência, nenhuma! E vem os políticos, com a conivência de muitos psiquiatras e psicólogos e fecham as casas de acolhimento para pessoas com problemas mentais com a balela de que é preciso socializá-las. Eu disse acolhimento, não de tortura como eram os antigos Manicômios onde funcionários sem escrúpulos e sem alma recebiam salários para torturar pessoas. Quando fecharam essas instituições agravaram o convívio familiar das pessoas mais pobres que de uma hora para outra tiveram que alterar toda rotina da família. E todos os anos assistimos pessoas que nunca sofreram na pele as tristezas de verem suas casas se transformarem em um hospício indo para as ruas comemorar o dia ANTI MANICOMIAL, que na verdade é contra a internação de pessoas doentes.
Precisamos sim, de mais casas para acolher pessoas com problemas mentais. Casas como o Lar Vicentino Divino Ferreira Braga em Betim-Mg, que cuida de cinquenta moradores, na sua grande maioria com algum  distúrbio mental por doença ou por velhice, e que são cuidados com o carinho e respeito que todo ser humano merece e deveria ser cuidado. E que mesmo sendo uma instituição de caridade também paga acompanhante quando um dos seus moradores é internado no hospital público da cidade porque os empregados que cuidam da casa são insuficientes para esta tarefa. Se as pessoas com algum distúrbio mental não podem ser internadas para tratamento, elas terão que perambular pelas ruas como cachorros sem dono? Se as Instituições de caridade não cuidarem dessas pessoas, o poder público tem  condições de assumir tão sublime responsabilidade?
Filhos cuidando de pais.
Irmãos cuidando de irmãos. 
Netos cuidando dos avós. 
Isto seria viver no paraíso. 
Espero estar enganado, mas esta utopia está longe de ser posta em prática.
Mas eu desabafei.         

29 junho, 2024

UM ASILO DE CARIDADE PODE SER CHAMADO DE LAR?

Quero deixar bem claro que não pedi autorização da diretoria do Lar Vicentino Divino Ferreira Braga para escrever e publicar este texto que escrevi.



Na década de oitenta o jovem confrade da SSVP de Betim - MG, já falecido, Luiz Paulino, reunido com outros jovens vicentinos lançou a ideia de se construir um asilo no local que antes era ocupado por uma Vila Vicentina com vários barracos onde moravam várias pessoas pobres, em sua maioria já idosas. Os jovens ali reunidos gostaram da ideia e imediatamente colocaram a “mão na massa”. Não me lembro se esta ideia foi levada aos conselhos superiores para sua aprovação, ou não, só sei que em pouco tempo, com a ajuda de todos os vicentinos e de muitas pessoas da nossa cidade que também abraçaram a causa, o prédio foi construído, e em 1990 foi inaugurado o asilo Divino Ferreira Braga que levou este nome em homenagem ao antigo pároco da cidade, há muito tempo falecido. Quando o asilo foi construído nós não tínhamos nenhuma preocupação com as leis e com a justiça, queríamos apenas criar um local onde as pessoas idosas carentes pudessem viver tranquilas e com dignidade. E foi assim por um bom tempo! Hoje o Lar Vicentino Divino Ferreira Braga é refém de leis criadas por políticos que só pensam em riqueza e poder, com algumas exceções, e pelo ministério público cujos juízes julgam apenas com a razão. Hoje a SSVP não tem autonomia para abrigar um idoso sem o aval do CRAS (Centro Regional de Assistência social) e estamos assistindo a chegada de pessoas por indicação política e sentimos saudade de quando, para ser acolhido pelo asilo a preferência era dos mais necessitados financeiramente ou maltratados e abandonados pelos familiares. E isto está incomodando muitos confrades e consocias que se sentem traídas e tristes por ter que pedir licença para abrigar alguém na casa que construíram com muita garra e sacrifício. E eu fico mais indignado por ser obrigado a chamar de lar um local onde muitos idosos lúcidos que deveriam vir para viverem com tranquilidade o que lhe resta de vida  e morrerem em paz, e que agora ficam deitados o dia inteiro ou andando de um lado para outro como um zumbi olhando para o vazio e vendo a morte  levar os moradores esqueléticos que enchem as enfermarias. 
Um asilo não deveria ter uma enfermaria, e pelo que me consta elas são alas dos hospitais onde os enfermos são tratados e depois de serem curados voltam para suas casas, mas os que estão aqui no asilo já não têm casas para voltarem. Eu me recuso a chamar de lar um asilo onde, mesmo com todo o carinho e cuidado como são tratados os moradores, muitos são levados para esses lugares para se encontrarem com a morte longe dos seus filhos e netos e de outros parentes. O político que  criou a lei proibindo que se chamem essas casas de asilos, e aqueles que a aprovaram parece que nunca entraram em um asilo de caridade e com certeza se basearam nas instituições da iniciativa privada que cobram de 5.000 a 10. 000 reais, ou mais, por mês para “cuidar” de uma pessoa idosa. Se os políticos quisessem realmente dar uma vida digna para essas  pessoas deveriam criar um espaço que fosse um meio termo entre o hospital e a moradia da pessoa enferma, desde que não seja a sua casa ou um asilo . Se um dia isso acontecer  os asilos não ficarão super lotados  e deixarão de ser um local de velar os que foram colocados ali apenas para se encontrarem com a morte.




FACHADA DO LAR VICENTINO DIVINO FERREIRA BRAGA EM BETIM - MG



RECEPÇÃO: NA PAREDE UM MURAL COM A FOTO DE CADA MORADOR




LOCAL DE CONVIVÊNCIA   E ENFERMARIAS





                                        ENTRADA DOS FUNDOS E ÁREA DE CONVIVÊNCIA
VISTA DOS QUARTOS E ÁREA DE CONVIVÊNCIA 





                                            ARÉA DE ENTRETENIMENTO E BATE PAPO.






24 junho, 2024

A TECNOLOGIA VEIO PARA O BEM, OU PARA O MAL?

 Milhares de pessoas são lubridiadas e roubadas todos os dias, principalmente  as mais humildes e idosas que não conseguem assimilar os aplicativos.   

                                  DESLIGUE O CELULAR

Estou procurando palavras
para voltar a falar de amor
mas parece que minha mente foi programada
para ver, ouvir, falar, e sentir somente tristeza e dor
 
Não quero ver e nem ouvir o que dizem os noticiários
que mostram somente tragédias e tristezas
quero deixar minha mente aberta
para o amor que me traz alegrias e leveza
 
De mente, de corpo, alma e coração
que anseia por paz e harmonia
quero rir, brincar, dar e receber muito carinho
quero andar de cabeça erguida, 
e ser o embaixador da alegria
 
Venha, não ligue o rádio ou a televisão
por favor, só por um momento, desligue o seu celular,
vamos por um instante ouvir a voz do silêncio
porque... precisamos de paz e sossego para nos entregar

                                      CASTIGO PARA OS PAIS
  
Esta semana um amigo me disse que foi surpreendido quando a cobrança do cartão de crédito chegou e  descobriram que o filho de dez anos havia realizado compras de pontos em jogos eletrônicos sem consentimento. Ele me disse que ficou irritado, não pelo dinheiro, mas porque o filho é um bom garoto e que até esse dia era totalmente confiável e nunca imaginaria que fosse capaz de fazer tal coisa. Mas fez!  O garoto, como a maioria dos da sua idade , achava que ter um cartão de crédito é ter dinheiro, e a cobrança chegou, e ele foi colocado de castigo. Não sei se o castigo doeu mais naquele menino ou nos seus pais.
E fico perguntando...  Será que ele mereceu mesmo o castigo? Acho que os pais é que mereciam!  Por excesso de confiança ou por comodismo muitos pais não se preocupam em acompanhar o que seus filhos e filhas  acessam quando navegam pelo espaço cibernético onde muitos jovens se perdem nos labirintos da tecnologia se aconchegando apenas no colo da placa mãe deixando sua inteligência se prender na mediocridade que é o carro chefe daquilo que são postados a cada segundo. E nós nos preocupamos somente com as drogas vendidas pelos pobres na periferia e pelos ricos nas faculdades e mansões, e com a violência das esquinas. Neste episódio a droga se chama tecnologia mal utilizada que embrutece os nossos filhos que estamos perdendo para o mundo virtual e que são escravos da placa mãe dos computadores e pelo CPU, “central de processamento” dos celulares. Os pais não sabiam ou fingiram não saber que o seu caçula estava sendo engolido pela memória RAM de uma máquina sem vida. Vida!  Que alguns dizem estar melhor com o avanço da tecnologia.
Tecnologia... Que destrói famílias inteiras quando um ente querido prefere se fechar dentro de um quarto para ficar na frente de uma tela colorida de um computador ou de um celular que dominam suas mentes, e como consequência, acaba o colorido das conversas e dos abraços.
Que venham todas as tecnologias!
Mas que nenhuma máquina substitua o ser humano e que jamais seja programada para dizer mecanicamente: Eu te amo.
Todos os pais e mães incapazes de perceber que seus filhos e filhas  estão sendo raptados por uma  geringonça eletrônica merecem ser castigados.
O meu amigo e sua esposa foram. E será que aprenderam a lição?
                        
                              CONTROLADOS POR UM CHIP
 
Constantemente ouço dizer que esta é a era da tecnologia e eu seria um grande idiota se dissesse o contrário. Fico vendo e ouvindo nos noticiários as reportagens sobre o seu avanço e cada vez mais me convenço que as geringonças eletrônicas ditam as normas de comportamento de milhares de pessoas. Faço parte da geração que está despedindo-se do mundo e honestamente não sei o que estou fazendo neste planeta onde o ser humano está cada vez mais robotizado e insensível, e onde a grande maioria das pessoas é escrava de um celular que agora não é somente um telefone, e também pelas redes sociais e pelos sites de relacionamentos que afastam as pessoas. Estou aposentado e não tenho nenhum compromisso profissional, e na minha talvez estúpida visão, não preciso ser escravo de nenhuma geringonça eletrônica. A tecnologia está virando o mundo de cabeça para baixo e tenho a impressão que não estarei sozinhos na hora do réquiem. Milhares de pessoas estão matando e morrendo em uma guerra urbana que dizima, principalmente os mais jovens que estão deixando-se dominar pelos aparelhos eletrônicos que os escravizam. Constantemente ouço dizer que todos têm acesso à tecnologia. Acesso talvez, mas saber como acessar e ter um dispositivo para isso, é outra coisa bem diferente.
Não quero ser apenas mais uma dessas milhões de pessoas que se tornaram escravas dos aplicativos e que têm suas mentes controladas por um chip qualquer. Já estão falando em acabar com o dinheiro moeda e papel e também com os cartões magnéticos e já existem agências bancárias que não movimentam dinheiro em espécie, e não demora muito, qualquer dinheiro vai se tornar virtual. Os amantes desta “modernidade” dizem que as pessoas movimentarão suas contas bancárias através dos aparelhos de celular, dos óculos, do relógio, de uma pulseira e até de um chip implantado em alguma parte do seu corpo.  Segundo os especialistas da área, em pouco tempo todas as pessoas, independente da sua condição financeira ou social terão que se renderem aos aplicativos. Por duas vezes tentei me conectar ao face-book para divulgar o que escrevo e nunca vi nada tão perverso, ali poucas pessoas postam algo que tenha relevância e qualquer futilidade é muito vista e compartilhada, Se eu dissesse que sou literalmente contra este avanço eu seria um grande idiota, tenho setenta e quatro ano e não sei se orgulhosamente ou teimosamente falando, não me deixei dominar pelos dispositivos que teoricamente foram concebidos para facilitar a vida das pessoas, mas pelo que parece, chegaram também para escravizar aqueles que não sabem dimensionar o que é benéfico  e o que é vício. Eu posso dizer com muita alegria: não sou escravo de nenhum chip e prefiro ficar conectado com Deus e com as pessoas.

 
                   INTELIGÊNCIA, OU SER HUMANO ARTIFICIAL?
 
Sou chamado de ultrapassado por não ter me rendido à tecnologia escravizante. Sou avesso às tecnologias que abafam sentimentos e separam as pessoas criando cada vez mais muitos jovens e adultos estressados, neuróticos e solitários. Podemos afirmar sem medo de errar que a maioria das pessoas estão se deixando escravizar pelos apelos da propaganda que as induzem ao consumismo e pelas conversas muitas vezes desnecessárias nas redes sociais. Na verdade, elas estão querendo é  se esconderem delas mesmas e continuam andando apressadas sem olharem para os lados. A impressão que se tem é que todos estão “protegidos” dentro de uma bolha hipnotizados pelas imagens e mensagens que chegam a todo momento aos seus ouvidos.
Não vivo sem celular! Esta frase é repetida milhões de vezes em todo o mundo.
Um dia sem internet? Isto é inadmissível, e o que é pior, não é apenas para o sistema financeiro, para a indústria ou para o comércio. A grande preocupação é que um dia sem internet pode provocar uma comoção mundial onde milhões de pessoas sofrerão um surto de comportamento, sem sombra de dúvida, idêntico à esquizofrenia.
Isso me preocupa! E fico pensando... Será que a raça humana está chegando ao fim?  A cada dia que passa o ser humano está perdendo de vez a capacidade de amar e de se relacionar uns com os outros, e com esse comportamento está se afastando cada vez mais  do seu semelhante deixando bem claro que nem com toda a tecnologia que supostamente veio para melhorar a vida das pessoas, o medo e a solidão são sem dúvida as grandes barreiras a serem superadas. 
Com a natureza e a fauna está claro que não existe mais nenhum tipo de relacionamento pois matamos a maioria dos animais, destruímos árvores, secamos nascentes, rios, lagos e lagoas. Estamos assistindo os novos pais que não querem mais ouvir os gritos, as birras e as manhas de seus filhos e filhas, comportamentos naturais de uma criança, e para isso colocam em suas mãos uma geringonça eletrônica para que fiquem comportadas e parem de “perturbar’ os que não sabem mais o que é trocar meia dúzia de palavras, e que também ficam presos a um teclado recebendo e enviando mensagens, compartilhando futilidades e deixando de lado o contato físico e visual com seus entes queridos. Este compartilhamento de amor, ternura, amizade e entrega de corpo e alma e coração é que está faltando dentro dos lares e desestruturando totalmente o elo familiar. 
A tecnologia da informação é mutante e a cada dia surge um novo aparelho e um novo aplicativo, e as pessoas vão se deixando programar tornando-se cada vez mais artificiais. A cada geringonça nova que surge o meu coração perde um pouco do seu compasso e a minha consciência me leva a procurar cada vez mais por Deus que está sendo substituído por um chip qualquer. E onde fica a conversa e o encantamento do relacionamento olho no olho e a magia do flerte quando dois olhares se cruzam? A frieza de uma máquina não vai conseguir substituir a amizade, o carinho, a doçura e o amor e até mesmo a insensatez e a intolerância do ser humano.  Estamos à mercê da inteligência artificial e suas máquinas que estão conseguindo copiar os humanos tornando-se donas de seus movimentos e das suas próprias ações.
Mas com certeza ela nunca irá copiar a sensibilidade, o carinho e a ternura que são exclusividades dos seres humanos. Talvez ela consiga copiar a nossa maneira de ser insensível e egoísta que nos faz esconder atrás de um monitor e cuidar mais e melhor dos animais a ponto de relegarmos a segundo plano o contato com nossos semelhantes. 
Esta é a razão da minha preocupação e do meu medo. Não vou estar neste mundo para assistir esta aberração, mas fico triste só de imaginar minha futura geração sendo dominada por uma placa mãe que não armazena emoções e por uma memória Ram que não guarda saudades e por um Chip que será a algema irá impedi-los de viver.    
 
                                DOMINADOS PELA TECNOLOGIA.
 
Faço parte de uma geração que está se despedindo do mundo e infelizmente tenho a impressão que não estaremos sozinhos na hora do réquiem. Milhares de pessoas estão matando e morrendo em uma guerra urbana que dizima, principalmente os mais jovens que estão deixando-se dominar pelos aparelhos eletrônicos que os escravizam e pelas drogas que os liquidam. Em muitos lares cada membro da família fica recolhido em um canto longe uns dos outros para interagir com seus "amigos" virtuais. E agindo assim esquecem que para ser uma família de verdade é preciso que cada membro seja acolhido com amor e tratado com ternura.  É este acolhimento que está faltando dentro dos lares e desestruturando totalmente o elo familiar .
A tecnologia é mutante e a cada dia surge um novo aparelho e um novo aplicativo e as pessoas vão se deixando programar e se tornam cada vez mais artificiais. A cada geringonça nova que surge o meu coração perde um pouco do seu compasso e a minha consciência me leva a procurar cada vez mais por Deus que está sendo substituído por um chip qualquer.  Estão lançando um novo aplicativo dizendo que é para facilitar a interação entre as pessoas dentro de um bar, de um restaurante, de um shopping, em uma boate ou qualquer lugar de aglomeração. Os amantes da tecnologia estão achando isto uma maravilha e sentindo-se felizes porque basta cadastrar seu perfil e o aplicativo lhe mostrará outra pessoa com um comportamento semelhante ao seu para se relacionarem. E onde fica a conversa e o encantamento do primeiro encontro do olho no olho, e a magia do flerte quando dois olhares se cruzam?
Estamos cada vez mais à mercê da inteligência artificial que com suas máquinas estão conseguindo copiar os humanos e se tornando donas de seus movimentos e das suas ações. Infelizmente a frieza de uma máquina está conseguindo destruir  as amizades, o carinho, a doçura e o amor e aumentando a insensatez e a intolerância do ser humano que está ficando cada vez mais insensível e egoísta o levando a se esconder atrás de um aparelho eletrônico e cuidar mais e melhor dos animais a ponto de relegar a segundo plano o contato com os nossos semelhantes.
Esta é a razão da minha preocupação e do meu medo: 
Não vou estar nesse mundo para assistir esta aberração, mas fico triste só de imaginar a minha futura geração sendo dominada por um punhado por uma placa mãe que não armazena emoções e por uma memória Ram que não guarda saudades e pelos Chips que serão suas algemas os impedindo de viver do jeito e da maneira que quiserem.

 
                                VIVENDO NO ESPAÇO CIBERNÉTICO
 
Se dissesse que sou contra o avanço da tecnologia com certeza eu seria um velho maluco. Mas seu eu disser que passo meus dias curtindo várias postagens e clicando freneticamente para enviar mensagens, eu seria um grande mentiroso. Fico observando o comportamento das pessoas, inclusive as da minha família, e com tristeza percebo que as relações familiares estão se deteriorando a passos largos porque em muitos lares tem alguém,  infelizmente, vivendo no espaço cibernético. Hoje é muito comum irmos visitar uma família e ficar sabendo que um dos filhos ou filhas estão presos dentro de seus quartos escravizados por uma rede antissocial, por jogos eletrônicos e por vários aplicativos que nada acrescentam em suas vidas. Estamos vendo crianças, jovens, adultos e muitos idosos sendo escravos de uma geringonça eletrônica que afasta as pessoas e destrói os relacionamentos com a falsa ilusão de que aproxima. A amizade que antes unia as pessoas como se fossem irmãos e irmãs foi trocada por um   aparelho eletrônico que faz com que muitos se isolem em uma prisão cibernética e esqueça os momentos de risos e de alegria que realmente nos aproximavam. Ligando o rádio ou o televisor nossas casas são constantemente invadidas por imagens, falas e comportamentos que são uma afronta aos bons costumes, e quando não aceitamos ou fazemos alguma crítica somos taxados de preconceituosos. A todo momento nossas famílias são bombardeadas por uma mídia facciosa que interfere na educação das crianças e dos jovens e no comportamento dos adultos incutindo em todos um desejo mórbido de um consumismo exagerado.
E continuo observando o comportamento das pessoas. Quando vejo na rua meninos e meninas com seus dezesseis anos ou menos conversando ao celular e carregando no colo ou empurrando um carrinho com o seu bebê fico me perguntando: Como será o futuro desta criança? O que esses meninos e meninas têm de experiência de vida para passar para este  filho ou filha?  A maioria dessas crianças serão criadas pelos avós, que na maioria das vezes também não souberam, não quiseram ou simplesmente não tiveram condições financeiras e psicológicas para educarem seus filhos.
O que a maioria dos pais desses jovens tem a nos dizer?  O que os amantes da tecnologia tem para nos dizer, e o que esperar do futuro deste mundo cujos habitantes serão todos movidos a chips e placas eletrônicas?

28 março, 2024

AGONIA DA INDIFERENÇA

 


Estou sentado na recepção do asilo Divino Ferreira Braga aqui na minha cidade de Betim, Minas Gerais. São quinze horas de um sábado ensolarado e mais um dia sem visitas para quebrar o silêncio que incomoda. Os treze degraus da escada e a pequena passarela de cimento que leva até o portão parecem obstáculos instransponíveis, e o portão fechado mais parece o de uma prisão. Pessoas passam na rua e de vez em quando alguém acena para um morador que fica horas segurando na grade da janela do seu quarto como se fosse um prisioneiro da velhice. A maioria dos moradores sofre de algum distúrbio psíquico e para eles viver é apenas ficar olhando para o vazio, e mesmo nas suas insanidades, muitos sabem a hora certa das refeições e reclamam quando elas atrasam.
A maioria das pessoas olham para os idosos como algo que já não serve mais e muitos esquecem que se não quiserem ficar assim ou vir morar aqui terão que morrer ainda jovens. 
Todos nós iremos envelhecer!
Aqui dentro o silêncio é quebrado pelo som de um rádio que a maioria finge escutar e pelas rusgas entre moradores por qualquer motivo banal.
O barulho da água do aquário parece gritar contrastando com o silêncio dos peixes e dos moradores. 
Muitas vezes nem os velórios são tão silenciosos. 
Tem-se a impressão que o morador fica esperando a morte tomá-lo pela mão para tirá-lo da agonia da indiferença. E assim as horas vão passando e a tristeza parece entranhar nas paredes da casa provocando gemidos de saudade. Os moradores do lar só olham para frente porque tudo  ficou para trás, Casa, filhos e filhas, maridos e esposas, netos e netas, irmãos e irmãs e amigos e amigas são apenas vagas lembranças, muitas vezes amargas e com raríssimos lampejos de doçura. Por coincidência, o telefone tocou e o filho de uma moradora ligou para saber se sua mãe ainda estava viva para vir visita-la. Morando a apenas cem quilômetros de distância não a vê há mais de quatro anos. E de fato, no outro dia ele veio visitá-la, e quando estava saindo eu lhe dei esse texto que acabara de escrever para ele ler na viagem de volta, e pelo que sei até hoje não voltou para uma nova visita.
No entorno do asilo estão instaladas algumas igrejas de todos os credos e os fiéis fingem não ver o asilo e acham que Deus os espera somente nas igrejas e nos templos. Os ministros com suas vestes brancas nem sequer olham para o prédio que é a morada do verdadeiro Cristo e não se lembram do que Ele disse: “Eu estive doente, preso, e me visitastes”.
A tarde vai caindo e os últimos raios do sol vão embora levando junto a esperança de recebermos uma visita. A noite cai e é hora de ir para a cama lutar contra o pensamento que teima em espantar o sono.
.Os dias parecem se repetir e as horas parecem eternas.
Seria tão fácil mudar esta rotina. Aqui fazemos o possível para amenizar a nostalgia que se transforma em tristeza, mas muitas vezes nos sentimos impotentes e tiramos da impotência os estímulos para amenizar a vida de quem desaprendeu a arte de viver.

11 março, 2024

CUIDADO COM A DENGUE

 


Nada me deixa mais irritado do que ver nos noticiários vários políticos pedindo às pessoas das suas cidades à ajudarem no combate à Dengue. É claro que todos tem a obrigação de fazer isso, mas, aqueles  que nos governam fazem o quê?
Ontem andei nas ruas do meu bairro, em sua maioria, esburacadas com muita água empossada do jeitinho que os mosquitos da dengue gostam.  
Conversando  com alguns vizinhos que também ficaram indignados, nos perguntamos... Porque não fazer uma operação tapa buraco em toda a cidade antes  que o vírus se manisfeste? 
Voce que está lendo, conhece algum político que se preocupa com seu eleitor fora dos anos de eleição?
Normalmente a operação tapa buraco só é feita em época de eleição, e no resto do ano, os moradores e principalmente os motoristas,  que se danem. 
Com raríssimas exceções, os políticos se preocupam apenas com o salário e com o poder, e
infelizmente isto acontece em praticamente todas as cidades desse país onde o braço da lei com a sua espada atinge apenas as pessoas pobres, e mais ainda, as pessoas negras.
Muitos dizem que o mosquito é gerado nas periferias e nos bairros mais pobres.
Se formos falar da quantidade de mosquitos que são gerados em casas e empresas de pessoas ricas e em prédios e outras obras do poder público que estão abandonadas, com certeza veríamos que a morte de muitas pessoas inocentes poderia ter sido evitada  

01 março, 2024

UM RESQUÍCIO DE ESPERANÇA

 


A cada dia que passa, mesmo não querendo. bate uma preocupação danada com o futuro desse mundo e dessa geração fone de ouvido movida a aparelhos eletrônicos.
Quando estou fazendo minha caminhada rotineira ouço a sirene da escola anunciando aos alunos que está na hora de entrar para a sala de aula. Enquanto caminho vou encontrando meninos e meninas indo para a escola hipnotizadas pelos celulares e pelos fones e ouvido sem a mínima preocupação com o tempo e com o horário. Alguns e algumas estão acompanhadas por uma pessoa responsável por elas, e muitos vão se arrastando como se estivessem fazendo o maior sacrifício de suas vidas.
Os que não estão acompanhados, visivelmente estão “matando aula” e ficam perambulando pelas praças e ruas até chegar a hora de voltar para casa, agindo como se tivessem frequentado a aula.
Fiquei observando meninos e meninas com suas mochilas nas costas muito longe das escolas, e ao  entrar em um parque público a visão foi a mesma. Lá os jovens são mais ousados, afinal, estão protegidos pelo famoso “poder público” que deveria estar cuidando do bem-estar deles e delas.
Garotas e garotos se esfregando pelos quatro cantos de um parque público no horário de aula, vestidos com um uniforme de uma escola pública, é da responsabilidade de quem? 
Certamente dos pais cuja maioria diz não ter tempo para conversar com seus filhos e jogam a culpa na correria do dia a dia e na necessidade de trabalhar.
Uma olhada rápida nos cadernos pode ser feita a qualquer hora.
Mas isso acontece? 
Quase nunca!
A maioria dos pais sabem que os filhos não estão indo bem nos estudos e jogam a culpa nas escolas e nas professoras para justificar a sua falta de compromisso, e acham que cabe a elas a tarefa de educar seus filhos e filhas.
O papel da escola é preparar os jovens, técnica e intelectualmente para o mercado de trabalho. Educar é função da família, esta instituição cada vez mais fadada ao abandono e ao desparecimento.
Os da minha geração estão se despedindo desse mundo sem ter conseguido resgatar os valores morais e éticos que antes eram marcantes na formação do caráter dos filhos e filhas. 
Será que esta geração de pais e filhos que se formou nos últimos anos está irremediavelmente perdida?
Será que não existe um resquício de esperança?

19 fevereiro, 2024

DESTRUIR TUDO QUE DEUS CRIOU.

 


Parte de uma área remanescente de mata atlântica teria sido desmatada irregularmente em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para dar lugar a um empreendimento da Igreja Batista da Lagoinha. A denúncia é de membros do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) e de uma organização não governamental. Eles encaminharam a acusação ao Ministério Público e à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
Segundo o biólogo, presidente da ONG Kaluana e membro do Copam, Gleyber Carneiro, 20 mil metros quadrados de mata em processo inicial de recuperação foram desmatados e terraplanados, na rua João da Silva Evangelista, no bairro Bom Retiro, no início do mês. Carneiro critica o fato de a prefeitura ter emitido licença de limpeza do lote. “Quem autoriza essa supressão e terraplenagem é o Estado”, afirmou. Gleyber e disse que pedirá, via Copam, a paralisação do projeto e replantio de árvores. Além disso, a gestão ambiental do município será fiscalizada
Fiscalização
Em 5 de dezembro a Polícia Militar de Meio Ambiente foi chamada ao local. Fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente também vistoriaram o terreno e no entanto, nenhum auto de infração foi emitido. A Semad informou que a fiscalização e gestão do local é de responsabilidade do município, por força de convênio, mas enviará uma equipe ao local para uma vistoria.
Em nota, a Prefeitura de Betim informou que o local é uma área urbana e os fiscais não constataram supressão ou terraplenagem no ponto, que já não tinha mata antes do fato. Segundo a prefeitura, foram requisitados vídeos do suposto desmatamento (que teriam sido feitos pelos denunciantes), mas estes não foram apresentados. O caso continua sendo apurado.
O pastor Rodinei Medeiros, representante da Igreja Batista da Lagoinha, nega a derrubada de árvores ou terraplenagem e disse que a compra da área foi de forma legal. “Quando compramos o lugar, era um bota-fora irregular. Não dava para limpar na enxada. Retiramos 198 caminhões de entulhos.
O lugar foi desmatado há muitos anos e cercamos para não jogarem lixo. A acusação é uma perseguição religiosa e interesse de terceiros no terreno”, afirmou


10 fevereiro, 2024

SAIR VOANDO DE BETIM

Obrigado por me dar o prazer da sua leitura, se tiver algo que queira publicar envie para o e.mail. geraldobilico@gmail.com.



A cada dia que passa o amor que eu sentia por essa cidade vai morrendo aos poucos.
A população da nossa cidade é estimada em 412,000 moradores e quase a metade das pessoas estão na linha abaixo da pobreza.
E pasmem!
Estão construindo um aeroporto para o pouso e decolagem das aeronaves das pessoas milionárias.
Enquanto isso a nossa cidade parece um lixão a céu aberto e a maioria das ruas e avenidas estão cheias de buracos.
Enquanto isso a fauna e a flora da nossa cidade continuam sendo destruídas e as nascentes que brotavam por todos os lados e as matas que nos encantavam foram e continuam sendo mortas ao serem destruídas com a conivência de quem nos governa.
Enquanto isso a barragem Várzea das Flores está sendo destruída, e se nada for feito para impedir este monstruoso crime ambiental, de onde virá a água para as nossas casas?
Enquanto isso o serviço de saúde continua jogado às traças e as pessoas pobres precisam mendigar por uma consulta, por uma cirurgia e por um medicamento, e muitas morrem porque o dinheiro dos impostos está sendo usado para construir um aeroporto para os  mais ricos.
Ande nas periferias e nos bairros mais pobres da nossa cidade e observe, você verá que a maioria dos moradores da nossa cidade não tem condição financeira para sair voando de Betim.

09 fevereiro, 2024

UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA

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Nome atribuído: Acervo da Antiga Matriz e do Padre Osório de Oliveira Braga
Localização: Casa de Cultura Josephina Bento-  Betim- MG.
Descrição: O Acervo de Bens Móveis atribuídos ao Padre Osório de Oliveira Braga é constituído por 32 peças e por objetos pessoais, sendo elas, alfaias litúrgicas que são os objetos usados na celebração da Santa Missa e em outras celebrações. O padre Osório nasceu em 1878 e em sua adolescência estudou no Colégio do Caraça. Em 1895 entrou para o Seminário de Mariana para seguir sua vocação religiosa. No ano de 1901 retornou para Capela Nova de Betim e assumiu a Paróquia De Nossa Senhora do Carmo em 1920. A partir de então tornou-se uma grande liderança sócio religiosa no cenário municipal, foi presidente do diretório político da cidade onde exerceu o cargo de inspetor escolar e chegou a ser vereador tornando-se conhecido nas localidades adjacentes por seu autoritarismo e astúcia política. Relatos orais atribuem a ele a emancipação política da nossa cidade em 1938, o que comprova, não a veracidade deste fato, mas o reconhecimento local de sua participação nos processos de poder locais. A trajetória do Padre sempre esteve ligada ao tempo em que celebrava na antiga Matriz de Nossa Senhora do Carmo que foi  demolida em 1969 pelo então prefeito Álvaro Alvim   e que até hoje os betinenses mais velhos não sabem o motivo da demolição.  
Com o intuito de conservar a memória de ambos foi tombado  uma coleção de bens pessoais do sacerdote e outros ligados ao seu ofício na Matriz. Nesta coleção encontram-se luxuosos paramentos litúrgicos típicos da Igreja Católica antes do Concilio presidido pelo Papa João XXIII que propôs a reforma e a renovação dos ritos litúrgicos. O Padre Osório esteve entre os que resistiram a essa reforma, pois continuou a usar os paramentos romanos e celebrar as missas em latim de costas para a assembleia.
Preservar os pertences do Padre e as alfaias da igreja  é preservar a memória da Antiga Matriz, um local de identidade para uma grande parte da população local.
O conjunto foi tombado em 1998 como patrimônio cultural de Betim.
Deixo aqui uma pequena observação: a pessoa que publicou este artigo esqueceu de fazer a pergunta que ninguém se atreve a responder.
Onde foram parar as madeiras, os móveis e as imagens da antiga igreja?
 

07 fevereiro, 2024

NAS GARRAS DE UM ESTRANGEIRO

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Vejam o que busquei no site: BRASIL DE FATO.

Moradores de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte denunciam que o parque ecológico Chico Mendes está em perigo. Segundo os frequentadores a prefeitura do município já cortou 50 árvores da área e pretende cortar ainda mais com a justificativa de que irá construir um estabelecimento de ensino.  As famílias que vivem nos bairros São Caetano e Jardim Perla, na região do Embiruçu onde é localizado o parque argumentam que ele é fundamental para a qualidade de vida da população e que o prefeito, Vitório Medioli (sem partido), poderia construir a escola em outra área da cidade. 
Nesta terça-feira (6), durante a manhã na Câmara Municipal da cidade acontecerá um ato de entrega de um dossiê em defesa da preservação do parque e esta  atividade será na Câmara Municipal de Betim. 
“O povo da periferia também tem o direito a uma área verde, e esta proporciona uma melhor qualidade do ar e do bem-estar  das pessoas”  conta Luana Margarida, bióloga e moradora da região. Não são somente os parques do Centro da cidade que precisam de cuidados e de serem preservados. esta é uma das únicas áreas verdes que a população tem para usufruir aqui na região e desde 1997 o parque é considerado área de preservação ambiental. Porém, uma alteração do Plano Diretor do município deixou 4,8 mil metros quadrados do parque desprotegidos. Em nota a prefeitura afirma que a “construção já foi licenciada” e que entre as condicionantes para a realização da obra “está o plantio de 198 mudas das espécies inventariadas no local, na área do empreendimento ou em áreas públicas do entorno”. O texto ainda afirma que o desmatamento da área “segue todos os trâmites legais norteados pelo Plano Diretor, por meio da Lei Complementar nº 15”.
Luana avalia a medida como autoritária uma vez que não houve nenhum tipo de consulta à população que vive no entorno do parque. “Por que desmatar tantas árvores se a escola pode ser construída em outro local? Nós somos a favor da construção de uma creche que seria mais importante para a região, mas não dentro do parque.
Eles fizeram a alteração do Plano Diretor ‘na calada da noite’ sem consultar à comunidade para discutir sobre o tema. É truculenta e desrespeitosa essa atividade”, avalia a moradora. Para a bióloga o cenário se torna ainda mais grave ao considerar que o desmatamento da região acontece em um momento no qual especialistas alertam para as emergências climáticas.  “Uma árvore adulta consegue captar toneladas de gás carbônico anualmente e segundo eles serão cortadas cem árvores, explica Luana. 
Apesar de questionada pela reportagem, sobre a mudança do Plano Diretor sem consulta à população a Prefeitura de Betim não fez nenhum comentário.