Fico vendo e ouvindo nos noticiários as reportagens
sobre o avanço de tecnologia, e cada vez mais me convenço que estou vivendo
além do que deveria.
Não quero ser mais uma dessas milhões de
pessoas que se tornaram escravas dos aplicativos, e que têm suas mentes
controladas por um chip qualquer.
Se dissesse que sou literalmente contra
este avanço seria um grande idiota.
Estou aposentado, tenho setenta anos, e não
sei se orgulhosamente, ou teimosamente falando, não me deixei dominar pelos
dispositivos que teoricamente foram concebidos para facilitar a vida das
pessoas, mas pelo que parece, chegaram também para escravizar aqueles que não
sabem dimensionar o que é benéfico do que é vício.
Já estão falando em acabar com o dinheiro
moeda, ou papel, e também com os cartões magnéticos.
Já existem agências bancárias que não
movimentam dinheiro em espécie.
Será que todo e qualquer dinheiro vai se
tornar virtual?
Os amantes desta “modernidade” dizem que as
pessoas movimentarão suas contas bancárias através dos aparelhos de celular,
dos óculos, do relógio, de uma pulseira, e até de um chip implantado em alguma
parte do corpo.
Segundo os especialistas da área, em pouco
tempo todas as pessoas, independentemente da sua condição financeira ou social,
terão que se renderem aos aplicativos.
O setor público onde o atendimento sempre
foi e será ruim, com alguns funcionários se achando no direito de maltratar as
pessoas, está sendo todo informatizado.
Quase todos os serviços já exigem
agendamento via on-line.
Constantemente ouvimos dizer que todos têm
acesso à tecnologia.
Acesso talvez, mas saber como acessar e ter
em casa um computador, são coisas bem diferentes.
Então, milhares de pessoas terão que pagar
por esses serviços, porque sem medo de errar posso afirmar que, de cada dez
brasileiros, oito não tem sequer acesso a um simples e decente café da manhã.
Com a maioria das riquezas do país sendo
roubadas por políticos sem escrúpulos e por empresários gananciosos, se essas
tecnologias se tornarem realidades, todos os brasileiros estarão aptos para se
adaptarem, e terão dinheiro para comprarem essas geringonças modernas?
Elas ficam ultrapassadas muito depressa, e
cada dia surge uma nova.
Comece a observar a periferia da sua
cidade, o nosso país é uma favela de norte a sul, e sem medo de errar, posso
afirmar que mais da metade da população mora em cortiços fétidos e violentos.
Nada contra as favelas e as periferias,
porque nelas moram a grande maioria dos brasileiros esquecidos e explorados
pelos políticos corruptos, nelas residem os moradores reféns de bandidos e de
milícias que lhes roubam a liberdade e a esperança de uma vida melhor.
De cada dez aparelhos do antigo celular que
antes era telefone que são vendidos, oito são
adquiridos por pais ou avós extorquidos por seus filhos e netos.
Se tudo vai ser informatizado!
Para que continuar pagando impostos, se em
pouco tempo não haverá mais funcionário público para nos atender?
Seremos atendidos por uma inteligência
artificial fria como a bia, não a mulher, mas a geringonça robotizada.
Só para exemplificar:
Em um acidente de trânsito sem vítimas, a
polícia não mais fará o boletim de
ocorrência, nem na delegacia. cada um dos envolvidos terá que gerar seu boletim
de ocorrência dando sua versão do sinistro. Se o prejuízo financeiro for grande
e não houver um consenso de quem está certo ou errado os dois terão que agendar
um dia e horário em dos tribunais de pequenas causas que decidirá quem arcará
com o prejuízo.
Se um dos envolvidos for de outro estado ou
de uma cidade longe do local do sinistro, e se seu veículo não tiver sofrido
grandes avarias, com certeza ele voltará para seu domicilio.
Então, esta audiência também terá que ser
on-line, e pelo que conhecemos da justiça brasileira, alguém ficará no
prejuízo.
E com certeza será o cidadão menos
violento, pacato, e cumpridor dos seus deveres.
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