BRINCAMOS COM A ÁGUA

ESSE É O FALSO BRASIL

ESSA É NOSSA TRISTE REALIDADE

                                                   

Estou envergonhado com a falta de bom senso dos nossos governantes. Estou indignado com a passividade e falta de sensibilidade da maioria dos brasileiros.
Ao abrir o jornal de domingo (01/02/2015), uma manchete convocava a população de Belo Horizonte para mais um espetáculo grotesco de carnaval. Sei que vou ser criticado por muita gente, mas não vou deixar de escrever o que sinto para agradar a este ou aquele. 
Escrevo sobre o que me incomoda e gostaria que incomodasse outras pessoas.
Dizem que carnaval é uma festa.
O brasileiro, principalmente nós do Sudeste, temos algum motivo para comemorar?
Se o carnaval é uma festa...
O folião pobre deveria ter vergonha de fantasiar-se de rico nas passarelas, enquanto seu barraco está com a caixa d`água vazia.
Esses dias de festas de mentira deveriam ser dias de luto pela morte das nascentes, dos córregos, das lagoas, e dos rios que agonizam, assassinados por um povo sem educação ecológica e por vários anos de desgovernos que assistiram a tortura do meio ambiente sem tomarem nenhuma atitude.
A natureza do mundo está agonizando, e a do brasil, está dando seus últimos gemidos de morte.
E o povo vai sambar.! Se fantasiar para alegrar turistas estrangeiros que aqui vem para fazer turismo sexual. A "beleza" da Marquês do Sapucaí precisa mais uma vez ser mostrada para esconder a vergonha do lixo escancarada nos leitos dos rios e lagoas, e dos nossos mananciais que deixamos morrer?
Essas milhares de pessoas que se entregarão às orgias carnavalescas deveriam se unir em um grande mutirão para limpar o leito profanado dos rios das suas cidades.
Mas não!
O nosso povo é festeiro.
Somos o país dos botecos, das praias, do samba e do carnaval.
Somos a lixeira do mundo.
O dinheiro gasto com fantasias, carros alegóricos, com as drogas e bebidas que serão consumidas, e com a infraestrutura, deveriam estar sendo usado para financiar ações de recuperação de mananciais para evitar que os foliões morram de sede.
Vejam a frase que escrevi em 2007: Quando vermos uma manchete ou ouvirmos no noticiário que haverá racionamento de água, iremos nos arrepender dos banhos de meia hora, e maldizer a nós mesmos e aos vizinhos, por termos usado a mangueira como vassoura, e lavado nossos carros todas as semanas.
Então fico pensando, será que somente os escritores, ou os que pensam que são, como eu, é que têm capacidade para prever o que estamos vivendo hoje?
Cadê os doutores que ocupam cargos nos vários escalões do governo, que poderiam ter feito alguma coisa para amenizar esta situação?
Brincar na água é muito bom. Mas nós brincamos com a água. E a mãe natureza cansou de ser apenas uma brincadeira nas garras dos poderosos e gananciosos, e está dando o troco que está muito amargo, principalmente para os mais pobres que sofrem com a falta desta água que não foi criada para ser exclusividade daqueles que não acreditam que ela é essencial para todos os seres vivos do planeta.