03 março, 2021

OLHARES

 

 

 


Todas as manhãs quando eu acordo a primeira coisa que faço é ir para a varanda olhar para o firmamento e receber na minha alma as bençãos de Deus e no meu corpo a luz e o calor do sol. 
E olhando para o firmamento com sua cor azul celeste salpicado de nuvens brancas de muitos formatos e tamanhos sinto-me como um minúsculo grão de areia no meio de um imenso deserto. 
Olhando para o céu em dia nublado fico encantado com a negritude das nuvens que certamente derramarão água em forma de chuva que traz vida para todas as criaturas, e no aconchego do meu lar, em dia de chuva, olho com admiração para os raios que cruzam o céu mostrando para nós mortais o quanto somos frágeis. E logo em seguida fico ouvindo barulho dos trovões que mais parecem os gritos de agonia de um planeta que está sendo destruído.
Todas as tardes durante a minha caminhada de todos os dias fico procurando um ponto de referência da natureza para que possa fixar meu olhar e assim caminhar tranquilamente como se estivesse indo me encontrar com o universo. Ao chegar em casa vou direto para o meu quintal observar a pequena horta que é meu encantamento, e com alegria olho para os pés de Acerola e de Pitanga que enfeitam meu quintal com seus frutos vermelhos. 
À noite sinto-me tremendamente agradecido quando olho para o firmamento coberto de estrelas de todos os tamanhos cujas luzes inundam meu coração de ternura e minha alma de uma paz que só poderia vir do céu. 
Quando tenho a felicidade de ter a visita do meu neto Bernardo, de quatro anos, essa felicidade se multiplica quando ficamos como duas crianças brincando de encontrar a estrela mais brilhante.
Não sei o nome das estrelas que vejo.
Seria muito bom se eu tivesse somente esses olhares, mas não posso ficar olhando sempre para cima, preciso olhar para a terra  e para as coisas que me cercam. Preciso olhar para o mundo e observar as coisas e as pessoas que estão ao meu redor. 
E ao olhar! 
Uma tristeza imensa faz doer meu coração. 
A minha cidade e praticamente todas as cidades do meu país, com raríssimas exceções, se parecem com os lixões a céu aberto que existem praticamente em todas elas. 
A pista onde  faço minha caminhada circunda o que antes era um rio que corria com sua água cristalina cantando sobre as pedras, e que agora, não passa de um canal onde são jogado os entulhos e o lixo de uma população cuja maioria não sabe o que é preservação da natureza. Nesse antigo rio também são despejados os lixos produzidos por empresas cujos donos gananciosos também não sabem o que é preservação, ou fingem não saber ao destruírem tudo em nome do progresso.
Sinto uma agonia que machuca e o meu olhar de ternura desaparece quando ando pelas ruas e calcadas “enfeitadas” pelo lixo e pelos entulhos jogados por pessoas que olham somente para o vazio. 
Sei perfeitamente que nem todas as pessoas têm condições de ter esses mesmos olhares, e que cada um tem sua maneira de ver  e conviver. Mas sei também que muitas estão precisando olhar mais para o céu para enxergarem o mundo com um olhar de quem cuida das coisas de Deus.
Ah! Se todos olhassem para o céu!
Ah! Se todos preservassem a natureza.

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Olá meu amigo desconhecido. Muito obrigado por ter lido, e também pelo comentário singelo. Espero que continue lendo.
      Um abraço, paz e bem

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  2. É, irmão!
    Olhar para o Céu requer mudança de vida.
    Este compromisso com o Céu poucos querem assumir e assim continuam cabisbaixos olhando, muitas vezes com ódio, indiferença e etc para o chão.
    Felizes são aqueles e aquelas que insistem, mesmo diante das adversidades, à continuar olhando para o céu.
    Aprendemos com você, irmão!

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