SEMEANDO DESTRUIÇÃO
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Debruçado
na proteção do córrego que margeia uma avenida perto da minha casa fiquei
observando o que restou de uma água límpida e mansa que agora carrega o esgoto vindo das casas e dos prédios
que são despejados no seu leito sem nenhum tipo de tratamento. Este córrego que
estou observando com tristeza desemboca no ex-rio da minha cidade. A expressão
“ex-rio” significa realmente o divórcio litigioso do ser humano com a natureza.
Lá estava ela correndo sobre o cimento carregando todo tipo de sujeira e a ignorância
de todos nós que não nos preocupamos com o futuro e com a vida das futuras
gerações. Seu leito que deveria ser um lugar sagrado, agora profanado pelo
concreto impede que ela se aconchegue no colo da sua irmã terra. Infelizmente
os leitos de todos os rios, córregos, lagoas e riachos não passam de sepulturas
que recebem o lixo dos humanos, que com suas atitudes de destruição estão muito
longe de serem realmente imagens e semelhanças de Deus.
Destruímos
praticamente todos os mananciais, e
mesmo vendo os peixes e outros animais morrendo não nos sensibilizamos com o
calvário da natureza. Infelizmente, por egoísmo ou por maldade não quisemos
repartir a herança que recebemos de Deus e a destruímos por pura ganância.
Roubamos tudo que a natureza produziu e continua produzindo, e como um
ex-companheiro rancoroso matamos os animais e derrubamos árvores centenárias. E
essa criatura que de humano nada tem continua semeando destruição e morte para
deixar um inferno como herança para sua próxima geração. Ainda bem que não tenho domínio sobre o tempo
de viver e de morrer. Eu queria que o mundo acabasse depressa mesmo sabendo que
as pessoas que mais amo terão vivido pouco tempo. Todos da minha geração sabem
que seus filhos e netos sofrerão muito por culpa da ignorância de muitos pobres
e da ganância dos ricos que são pobres de espírito. De vez em quando tenho uns
lampejos de esperança e acho que talvez ainda dê tempo de salvar o que parece
estar perdido. Mas para isso será preciso que todos repensem suas atitudes, e com simplicidade façam o básico: Lixo não
se joga na rua, nas calçadas ou em lotes vagos, e muito menos nos córregos e
rios. Móveis e eletrodomésticos e outras geringonças são colocadas nas calçadas
por pessoas que acham que elas poderão voar.
Vidros, isopor e plásticos e uma infinidade de poluentes também não voam,
portanto não devem ser deixados nas calçadas ou descartados sem nenhuma
responsabilidade e sensibilidade ecológica. Mangueira não é cabo e água não é
vassoura. Nenhum jardim ou horta nascerão na sua calçada ou na rua em frente à
sua casa, portanto não fique desperdiçando água molhando todos os dias. Córregos,
lagoas e rios não foram criados para receberem o lixo de quem não sabe reciclar
sua própria vida. Também não foram criados para receberem os dejetos
industriais e o esgoto sem tratamento que os empresários gananciosos e os políticos
inescrupulosos fazem questão de despejar em seus leitos.
Ainda bem
que a natureza é sábia e se recupera facilmente.
Até
quando?
Ontem o
Papa Bento XVI disse que às vezes pensa que Deus está dormindo, e cheguei à
conclusão que realmente estava quando nos deu o livre arbítrio e nos deixou
escolher o nosso jeito de viver. Coube a nós mais uma vez escolher entre a vida
e a morte. E mais uma vez escolhemos errado e que em se tratando do meio ambiente, é salvar
ou morrer
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