Este texto foi escrito há quatorze anos. Ele estava esquecido no meio de outros. Resolvi publicá-lo porque quem sabe, esta pandemia que estamos vivendo não veio para nos mostrar o quanto estamos agredindo nossa mãe terra.
CUIDAR DO MUNDO
Comecei
escrevendo esse texto com o título a Invasão dos plásticos. Então percebi que
não deveria ficar preso a um só elemento que agride nossos olhos e a natureza.
Ela é agredida de várias maneiras e por todo tipo de lixo e entulho.
Esta ideia me
veio à cabeça em uma manhã ensolarada durante a caminhada de todos os dias. Resolvi
fazer um trajeto diferente e caminhei em uma estrada de acesso à zona rural.
Olhando para a paisagem percebi que é impossível andar um segundo sequer sem
visualizar uma sacola de plástico, uma garrafa de um liquido qualquer, uma
embalagem de vários produtos alimentícios, ou de consumo diário, fazendo parte da
natureza como uma praga maldita.
Pensei...
Se escrevesse
sobre a invasão do plástico teria que escrever sobre as outras invasões. A do
papel, do vidro, da lata, do entulho, enfim, de todos os lixos e detritos que
os herdeiros da terra produzem e deixam espalhados pelos quatro cantos da obra
prima criada por Deus. Destruída pelos humanos.
Plástico não
anda. Lixo doméstico não caminha sozinho. Entulho não voa.
Móveis
abandonados nas calçadas também não voam
Se não existe
invasão, qual seria o termo correto?
Abandono do
lixo?
Não!
Então, o que
mais está causando tanto dano e matando o planeta?
Poderíamos
enumerar inúmeras causas, vou me ater a algumas.
Falta de compromisso com o mundo em que
vivemos.
Falta de educação ecológica das pessoas de
todas as classes sociais.
Ganancia da indústria que polui o meio
ambiente em nome do progresso,
Especulação imobiliária com construções em
cima de nascentes.
Insensibilidade e corrupção da maioria dos
nossos políticos, esta, sem dúvida, a mais plausível das causas.
E por fim, a
soma de todas elas: Não pensar no futuro da humanidade.
Não nos
preocupamos se nossos filhos irão ou não conhecerem uma árvore de verdade, se
verão um animal em seu habitat natural, um rio de águas claras, ou mesmo um
simples riacho.
Pergunte aos
garotos se alguns deles já nadaram em um rio de verdade, isto é, sem poluição e
podridão? Se já chuparam uma laranja conversando
com os amigos, debaixo do pé desta bendita fruta. Se beberam leite ao pé da
vaca, a não ser nesses restaurantes de beira de estrada.
Uma coisa
tenho certeza que viram. Uma pessoa
parar um carro e alguém descer e jogar um saco de lixo no leito do antigo “rio”
que agora só carrega esgoto.
Quanto mais
consumo, mais lixo.
Então quem
polui não são somente os pobres moradores da periferia? Claro que não! Pneu é lixo de pobre? Caixa vazia de produtos
importados é lixo de pobre? Sacolas de grandes lojas de grife é lixo de pobre?
Lotes vagos sem muros cheios de entulho com tantos bichos peçonhentos, são
propriedades dos pobres?
O esgoto
industrial jogado na natureza todos os dias, é gerado por uma empresa de pobre?
Então quem é o responsável pela grande lixeira em que se transformou o mundo?
Então quem é o responsável pela grande lixeira em que se transformou o mundo?
Com certeza,
as pessoas de todas as classes sociais, mas principalmente as da classe A que consomem
mais e produzem mais lixo. As empresas de todos os segmentos, entre elas, as
grandes empresas imobiliárias e os governantes sem escrúpulos.
Não resta a
menor dúvida...Que as benditas ou malditas garrafas e sacolas de plásticos
vieram para melhorar a vida das pessoas. Que elas não foram fabricadas para
serem jogadas nas ruas e nos leitos de córregos, rios, e lagoas, também é
inquestionável.
Então o que
fazer?
Simples:
cuidar do mundo.
Não ficar
gastando água lavando carro todos os dias com a torneira aberta.
Parar de usar
a mangueira como vassoura para limpar quintais e calçadas.
Limparmos a
frente das nossas casas.
Desobstruir a
boca de lobo da esquina da nossa casa.
Não jogar lixo
na rua, nos córregos, rios e lagoas.
Denunciar quem
joga entulho e lixo em lote vago, ou conversar
com a pessoa que está agindo assim.
Políticos se
preocupam com o lixo? Não votar ou reeleger políticos que não se preocupam com
a limpeza da cidade.
Coisas
simples.
Que só se
aprende no dia-a-dia.
Que devemos
ensinar para nossos filhos, e exigir que as escolas promovam ações sobre esse
tema.
Poucas são as
cidades onde o lixo é tratado como devia, lixões a céu aberto servem de moradia
para ratos e outros bichos, além de ser local de trabalho para os excluídos da
sociedade.
Quantas
cidades fazem coleta seletiva do lixo?
Onde existem, os
moradores os reciclam?
Quanto lixo é
espalhado pelas ruas pelos próprios garis que precisam correrem como loucos
para darem conta de recolher o que foi acumulado nos dias anteriores.
Quem coloca o
lixo para fora no dia da coleta?
Isso é
problema de educação.
Que precisa
começar um dia.
Tenho
cinquenta e seis anos,
Há muito tempo
minha cidade deixou de ser um paraíso ecológico para transformar-se um uma
lixeira gigante. O rio que antes era a alegria das lavadeiras, das crianças e
dos pescadores, hoje carrega a indiferença de todos nós, que direta ou
indiretamente fomos responsáveis pela sua degradação.
Dizem que é o
progresso...
Será que o
relógio vai ter que voltar no tempo?
Ou o futuro precisa
ser construído com mais responsabilidade?
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