03 dezembro, 2013

APENAS UM RETRATO MOFADO

                                                 
             
ISSO AQUI SUBSTITUI A VELHA MATRIZ?
ISSO JÁ FOI UM RIO.



















NOSSA IGREJA DESTRUÍDA PELA IGNORÂNCIA EM 1951

Conversando com conterrâneos da minha idade, 63 anos, percebi com tristeza que uma grande maioria está perplexa com o abandono da nossa cidade com tanto lixo e entulho espalhados por todos os lados nos dando a impressão de estarmos vivendo em um enorme lixão a céu aberto. Somos um povo sem história e sem memória, e todos os prefeitos que nos governaram não tinham, e que nos governa agora também não tem nenhum compromisso a nossa história e nem com a preservação do meio ambiente.
Vejam alguns exemplos: Muitas empresas, entre as quais, as de alimentação, transformaram as calçadas, as  praças e as ruas em espaços privados. Dá nojo andar nas Praças do Óleo e São Cristóvão, e agora, na rua do Rosário, principalmente numa manhã de segunda feira quando o lixo daquilo que rendeu lucro é deixado para que a prefeitura faça o trabalho de juntar e recolher o lixo da ignorância ecológica da maioria dos proprietários das empresas. Citei apenas dois exemplos, mas isso acontece na cidade inteira.
Quando um prefeito sem noção derrubou a velha matriz de Nossa Senhora do Carmo não se ouviu uma nenhuma voz protestando contra esse crime e até hoje as pessoas perguntam onde foram parar as Imagens da igreja, os bancos, as portas e janelas e as madeiras que eram verdadeiras relíquias. Quem será que lucrou com todo o acervo que pertencia a todos e era motivo de verdadeiro sentimento de fé de um povo simples e trabalhador?
E aquele ferro velho enferrujado na praça Milton Campos? Será que alguém um pouco mais inteligente pode achar que aquilo faz lembrar a velha Matriz?
Temos uma Casa e uma Secretaria da Cultura, que de cultura só tem o nome.
Nenhum incentivo é dado para as pessoas pensantes e artistas locais, apenas os apadrinhados da política conseguem ter algum projeto aprovado.
O único concurso literário realizado aqui foi em 1990, pelo então prefeito Osvaldo Franco. Se houve outros, divulgaram apenas para os amigos.
O antigo Colégio Comercial virou museu, só no nome, porque lá não tem nada para ser mostrado, e esse quase nada é escondido de todos porque nunca vi um museu não abrir suas portas para o povo em dias de sábado e domingo.
O rio Betim que antes era o cartão postal da cidade, agora carrega apenas lixo jogado por um povo que não entende nada de ecologia, e pelo do descaso dos políticos, como um deles, que para se eleger gritou aos quatro cantos da cidade que voltaria a nadar e pescar nesse mesmo rio, mas pelo que se sabe, ele não teve coragem de se mergulhar na merda que o rio carrega.
Eu poderia escrever horas e mais horas, mas vou parar por aqui, se alguém quiser acrescentar ou questionar alguma coisa é só mandar um recado. 
Quero deixar aqui minha admiração por algumas famílias que nasceram ou vieram para cá e criaram seus filhos nesse pedaço de chão que já foi um paraíso, e que souberam como ninguém mostrar o que foi viver com honestidade. Eu poderia citar algumas, mas não quero correr o risco de esquecer alguém que mereça ser lembrado.
É uma pena, mas tudo isso ficou no passado, e o mais triste de tudo, é que este não é o retrato só da minha cidade, é sem dúvida um retrato mofado da maioria das cidades desse nosso país.

Um comentário:

  1. Olá Geraldo! Passando para te cumprimentar, e dizer que o descaso das autoridades (in)competentes, é um mal bastante comum no país inteiro. Está certo. O povo tem que gritar para ver se muda alguma coisa. Belo post amigo.

    Abraços,

    Furtado.

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