Escrevi esse texto depois de ter que desligar o computador onde meu
filho de dezesseis anos estava vidrado em um jogo às duas horas da manhã.
Já faz alguns anos foi lançado o filme “O curioso caso de Benjamin Button”,
em que o autor retrata a história do nascimento ao inverso onde a pessoa nasce
adulta e vai regredindo até morrer.
Não vi o filme, e pelo que ouvi acho que não gostaria, seria grotesco
demais.
Uma das primícias do ser humano é envelhecer, mas os mais jovens ainda
não entenderam isso.
Estamos na era da eletrônica e da alta tecnologia, robôs já fazem
serviços domésticos e cachorros de lata vigiam as casas. As geringonças eletrônicas
não envelhecem, rapidamente ficam obsoletas e logo são substituídas por outras
mais modernas.
A tecnologia avança a passos largos, é mutante, muitas vezes deixando
para trás sentimentos de amor e de ternura.
Houve tempos em que o pai era chamado de “esteio da casa”, para os mais
jovens: esteio é a peça principal que sustenta um telhado
Hoje os filhos entendem muito de disco rígido que armazena as
informações que cada um acha do seu agrado, e os esteios vão ficando esquecidos
na lixeira ou se tornam simplesmente um rascunho.
Os filhos agora entendem tudo de Placa Mãe. Que não chora e não gera
filhos, mas é a responsável pelo funcionamento da máquina onde todos os
componentes são acoplados, e sem ela o computador não existiria.
Igualzinho à Mãe de carne e osso que abraça todos os filhos com amor e
carinho, e sem ela a família não existiria.
A diferença é que ela pensa e não aceita ser formatada na hora que o
filho quiser.
Os pais não são perfeitos como os computadores, então é preciso apagar
lembranças de ter sido empurrado em carrinhos de bebê e de noites mal dormidas
porque alguém chorava.
Para quê conversar com quem não se deixa modificar num simples apertar
de uma tecla?
Os amigos agora são virtuais.
Os amores são superficiais.
Nós acima dos cinquenta anos estamos sendo vencidos pela tecnologia que
oferece mais atrativos para muitos filhos que só pensam em nos apagar do seu
círculo de amizades e da própria vida.
Na mesma proporção que a tecnologia avança os corações embrutecem. O pensamento
é e será sempre vencer mais um desafio desses jogos violentos que nada
acrescentam no crescimento moral e intelectual de quem deixou-se escravizar por
uma máquina.
Os nossos filhos! Que se trancam nos quartos.
Seu “disco rígido” não tem espaço para momentos de cumplicidade com os
pais. Sua “memória ram” não consegue lembrar quantos abraços e beijos foram
compartilhados.
As “máquinas humanas”, ou seja, os pais que formataram suas vidas com
carinho e amor, sem disco rígido e sem placa mãe, estão ultrapassados e
precisam serem jogadas em um quartinho dos fundos se misturando com as
geringonças eletrônicas obsoletas.
Alguns receberão uma visita de vez em quando em um asilo de caridade.
Se os jovens não pararem para pensar e não fizerem a inclusão do amor
junto com a inclusão digital, daqui a poucos anos o mundo será habitado apenas
por robôs, e os da minha geração irão se encontrar com a mãe terra muito antes
do que pensavam.
Sei que não dá para conceber um mundo sem os avanços tecnológicos.
Mas enquanto tiver forças vou lutar contra o lado perverso desse senhor
de engenho chamado computador para que ele possa ser usado somente para o bem,
e não para escravizar nossos jovens.
Olá estimado Geraldo,
ResponderExcluirAmigos virtuais e amores superficiais. É isso mesmo.
Através da NET, tudo se pode comprar, obter. Até o AMOR, veja bem.
Claro, que a Informática tem muito de positivo, em muitas áreas, mas falar, dialogar às refeições, passear juntos, namorar no jardim, no pub, ouvir uma música romântica, tanta coisa, que as máquinas jamais farão.
Abraços de luz.
Olá Geraldo! Adorei seu texto sobre a placa mãe.
ResponderExcluirAh se os filhos desta geração soubessem realmente que os afagos, os olhares, os abraços apertados, não poderão substituir nunca uma máquina.
Tenho medo desta geração que se esconde, que não sente essa necessidade do toque, pois o que será deles? Os diálogos estão cada vez mais escassos, os video-games tomaram o lugar do aconchego. Tenho visto muito isso em familias de adolescentes modernos.Mas acredito que se chegamos no limite perverso, alguma coisa há de seguir o movimento histórico, rítmico da vida que grita a presença e os toques humanos tão necessários para o desenvolvimento das crianças. Sei que um dia chegaremos a dar essa volta. Acredito no grito da mãe terra, no cuidado com a natureza, no cuidado com o meio ambiente. Daqui há alguns anos o ser humano irá gritar novamente o grito do abraço, dos olhares sem interesse, do toque incondicional, das lágrimas incontidas e por aí vai............Há não ser que inventem máquinas que chorem. Duvido. O ser humano é único criado a imagem e semelhança de nosso Pai encarnado em seu filho Jesus Cristo.Abraços. Seu texto é lindo , mexeu comigo. Desculpe o desabafo. De sua grande amiga e irmã em Cristo. jane.