Hoje me deu uma vontade de fazer
um paralelo entre os dois mundos onde tive a sorte ou a desventura de viver. Não
sou nenhum extraterrestre, mas as mudanças no comportamento das pessoas, a
degradação do ser humano e da ecologia, a aberração em que se transformou a música, a cultura e a arte me dão a
impressão de ter vivido em mundos diferentes. E olha que não estou tão velho assim.
Tenho setenta e três anos e a minha
primeira vida foi no tempo em que os quintais não tinham muro e quem trazia o
neném para a mãe era o avião ou a cegonha. O rádio, o fogão a gás e a televisão
eram sonhos de consumo. As frutas eram degustadas debaixo do pé, e muitas vezes
no quintal do vizinho, que hoje é um campo minado. Os crimes eram somente os
passionais para “lavar” a honra e prisão era só para prender os inimigos dos
ditadores e os pobres.
Os tempos mudaram!
A tecnologia avançou e continua
avançando a passos largos.
E foi aí que comecei a viver
minha segunda vida.
Hoje poucas pessoas sabem o que é
honra e o progresso trouxe muita tecnologia e também muito abandono e os amigos
foram trocados pelos computadores de todos os tamanhos e o bate papo no portão
foi substituído pelas redes sociais e por muitos sites de relacionamentos.
Coisa de maluco que graças a
Deus, não conseguiu me seduzir.
Hoje, poucos recém-nascidos terão
a sorte de se tornarem crianças como aquelas que brincavam inocentemente sem
nada a lhes incomodar. A mãe que antes cuidava da casa e da sua prole agora é
obrigada trabalhar fora e foi substituída por uma babá eletrônica que faz as
crianças crescerem neuróticas. Na
periferia muitos jovens são abandonados por serem filhos da miséria. Nos
bairros nobres elas e eles são criados livremente como um cão sem dono, e sem
limites, decidem seu próprio destino. Constantemente assistimos os filhos da
liberdade criados no luxo se enveredarem pelo caminho do crime agredindo e até
matando inocentes, e muitos se tornaram traficantes de drogas.
Graças a
Deus existem maravilhosas exceções.
Mas qual é a diferença entre um
marginal que frequentou uma faculdade com aquele que de escola teve somente a
rua e como professor o traficante e o assassino? Nenhuma ou talvez muitas! Então,
por que os ladrões e os assassinos que se formaram em uma universidade são
encarcerados em celas especiais?
Chamar de arte uma novela onde o
sexo e a luxuria são esfregados na cara de pessoas pobres que, mesmo não tendo
condição financeira suficiente, se acham na obrigação de imitar o jeito e viver
dos personagens. Recuso-me a comentar as músicas tocadas nas ruas e os filmes
vendidos a dois reais nas bancas dos camelôs.
Mas levar os filhos para
programas de televisão e os expor como cachorrinhos de estimação é a coisa mais
esdrúxula que se pode fazer.
Criança fantasiada de adulto só é
aceitável quando, na sua inocência resolve imitar o pai ou a mãe.
“Vai chegar o tempo que o homem
terá vergonha de ser honesto”.
Assim disse Rui Barbosa.
Quem nunca ouviu esta frase?
Será que ele com toda a sua
inteligência conseguiria viver num mundo cheio de armadilhas para surrupiar o
dinheiro e os bens dos outros?
Financeiras e Bancos com seus empréstimos
consignados para enganar os mais humildes. Impostos abusivos. juros embutidos e
promoções de mentira para enganar o consumidor.
E para terminar.
Das pessoas que você conhece,
quantas tem consciência real do perigo que o mundo corre com a iminente falta
de água, e quantos fazem algo para evitar que tal fato aconteça?
Ou a maioria é como os que estão
ao meu redor, não estão nem aí!
Quando eu era jovem não se falava
em ecologia porque ela era parte integrante da vida do ser humano.
Hoje nem a própria vida é parte
integrante dos seres que se dizem humanos
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