Hoje deu uma vontade de fazer um paralelo entre os
dois mundos onde tive a sorte ou a desventura de viver.
Não sou nenhum extraterrestre, mas as mudanças no
comportamento das pessoas, a degradação do ser humano e da ecologia, a
aberração em que se transformou a
música, a cultura, e a arte me dão a impressão de ter vivido em mundos
diferentes.
E olha que não estou tão velho assim, tenho setenta
e um anos.
Minha primeira vida foi no tempo em que os quintais
não tinham muro.
A televisão era sonho de consumo dos ricos.
Quem trazia o neném para a mãe era o avião ou a
cegonha.
Fruta era degustada debaixo do pé, e muitas vezes
no quintal do vizinho, que hoje é um campo minado.
Crimes eram somente os passionais para “lavar” a
honra.
Prisão era só para prender os inimigos dos
ditadores e os pobres.
Os tempos mudaram!
A tecnologia avançou e continua avançando a passos
largos.
Comecei a viver minha segunda vida.
Hoje poucos sabem o que é honra.
O progresso trouxe muita tecnologia e também muito
abandono.
Os amigos foram trocados pelos computadores de
todos os tamanhos.
O bate papo no portão foi substituído pelas redes
sociais, e muitos sites de relacionamentos.
Coisa de maluco!
Que graças a Deus, não conseguiu me seduzir!
Hoje, poucos recém-nascidos terão a sorte de se
tornarem crianças como aquelas que brincavam inocentemente sem nada a lhes
incomodar.
A mãe que antes cuidava da casa e da sua prole
agora é obrigada trabalhar fora, e foi substituída por uma babá eletrônica que
faz as crianças crescerem neuróticas.
Na periferia muitas crianças são abandonadas por
serem filhos da miséria.
Nos bairros nobres elas são criadas livremente como
um cão sem dono, e sem limites, decidem seu próprio destino. Constantemente
assistimos os filhos da liberdade criados com todo o luxo se enveredarem pelo
caminho do crime, agredindo e até matando inocentes, e muitos, traficando
drogas.
Graças a Deus existem maravilhosas exceções.
Mas qual é a diferença entre um marginal que
frequentou uma faculdade com aquele que de escola teve somente a rua, e como
professor o traficante e o assassino?
Nenhuma!
Ou talvez muitas!
Então, porque os ladrões e os assassinos ricos que
se formaram em uma universidade são encarcerados em celas especiais?
Chamar de arte uma novela onde o sexo e a luxuria
são apelos irresistíveis para uma pequena minoria exibir um estilo de vida
aonde ninguém trabalha, e todos têm “cara de rico”, é simplesmente na minha
modesta opinião, inconcebível.
Recuso-me a comentar as músicas tocada nas ruas e
os filmes vendidos a dois reais nas bancas dos camelôs.
Mas levar os filhos para programas de televisão e
os expor como cachorrinhos de estimação, é a coisa mais esdrúxula que se pode
fazer.
Criança fantasiada de adulto só é aceitável quando,
na sua inocência, resolve imitar o pai ou a mãe.
“Vai chegar o tempo que o homem terá vergonha de
ser honesto”. Assim disse Rui Barbosa.
Quem nunca ouviu esta frase? Será que ele com toda
a sua inteligência conseguiria viver num mundo cheio de armadilhas para
surrupiar o dinheiro e os bens dos outros?
Financeiras.
Bancos.
Empréstimos consignados para enganar os mais
humildes.
Impostos abusivos.
Juros embutidos e promoções de mentira para enganar
o consumidor.
E para terminar.
Das pessoas que você conhece, quantas tem
consciência real do perigo que o mundo corre com a iminente falta de
água?
Quantos fazem algo para evitar que tal fato
aconteça?
Ou a maioria é como os que estão ao meu redor.
Não estão nem aí!
Quando eu era jovem, não se falava em ecologia
porque ela era parte integrante da vida do ser humano.
Hoje nem a própria vida é parte integrante dos seres que se dizem humanos
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Aqui você é muito bem vindo. Seu comentário ajuda na construção desse espaço de liberdade