13 dezembro, 2010

DOIS MUNDOS



                            


Hoje me deu uma vontade de fazer um paralelo entre os dois mundos onde tive a sorte ou a desventura de viver. Não sou nenhum extraterrestre, mas as mudanças no comportamento das pessoas, a degradação do ser humano e da ecologia, a aberração em que se transformou  a música, a cultura e a arte me dão a impressão de ter vivido em mundos diferentes.  E olha que não estou tão velho assim.
Tenho setenta e três anos e a minha primeira vida foi no tempo em que os quintais não tinham muro e quem trazia o neném para a mãe era o avião ou a cegonha. O rádio, o fogão a gás e a televisão eram sonhos de consumo. As frutas eram degustadas debaixo do pé, e muitas vezes no quintal do vizinho, que hoje é um campo minado. Os crimes eram somente os passionais para “lavar” a honra e prisão era só para prender os inimigos dos ditadores e os pobres.
Os tempos mudaram!  
A tecnologia avançou e continua avançando a passos largos.
E foi aí que comecei a viver minha segunda vida.
Hoje poucas pessoas sabem o que é honra e o progresso trouxe muita tecnologia e também muito abandono e os amigos foram trocados pelos computadores de todos os tamanhos e o bate papo no portão foi substituído pelas redes sociais e por muitos sites de relacionamentos.
Coisa de maluco que graças a Deus, não conseguiu me seduzir.
Hoje, poucos recém-nascidos terão a sorte de se tornarem crianças como aquelas que brincavam inocentemente sem nada a lhes incomodar. A mãe que antes cuidava da casa e da sua prole agora é obrigada trabalhar fora e foi substituída por uma babá eletrônica que faz as crianças crescerem neuróticas.  Na periferia muitos jovens são abandonados por serem filhos da miséria. Nos bairros nobres elas e eles são criados livremente como um cão sem dono, e sem limites, decidem seu próprio destino. Constantemente assistimos os filhos da liberdade criados no luxo se enveredarem pelo caminho do crime agredindo e até matando inocentes, e muitos se tornaram traficantes de drogas.
Graças a Deus existem maravilhosas exceções.
Mas qual é a diferença entre um marginal que frequentou uma faculdade com aquele que de escola teve somente a rua e como professor o traficante e o assassino? Nenhuma ou talvez muitas! Então, por que os ladrões e os assassinos que se formaram em uma universidade são encarcerados em celas especiais? 
Chamar de arte uma novela onde o sexo e a luxuria são esfregados na cara de pessoas pobres que, mesmo não tendo condição financeira suficiente, se acham na obrigação de imitar o jeito e viver dos personagens. Recuso-me a comentar as músicas tocadas nas ruas e os filmes vendidos a dois reais nas bancas dos camelôs.
Mas levar os filhos para programas de televisão e os expor como cachorrinhos de estimação é a coisa mais esdrúxula que se pode fazer.  
Criança fantasiada de adulto só é aceitável quando, na sua inocência resolve imitar o pai ou a mãe.
“Vai chegar o tempo que o homem terá vergonha de ser honesto”.  
Assim disse Rui Barbosa.
Quem nunca ouviu esta frase?
Será que ele com toda a sua inteligência conseguiria viver num mundo cheio de armadilhas para surrupiar o dinheiro e os bens dos outros?
Financeiras e Bancos com seus empréstimos consignados para enganar os mais humildes. Impostos abusivos. juros embutidos e promoções de mentira para enganar o consumidor.
E para terminar. 
Das pessoas que você conhece, quantas tem consciência real do perigo que o mundo corre com a iminente falta de água, e  quantos fazem algo para evitar que tal fato aconteça?
Ou a maioria é como os que estão ao meu redor, não estão nem aí!
Quando eu era jovem não se falava em ecologia porque ela era parte integrante da vida do ser humano.
Hoje nem a própria vida é parte integrante dos seres que se dizem humanos

 

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