NÓS SUPORTARÍAMOS VIVER ASSIM? |
SEM COMENTÁRIO. |
Estou tomando café em um dos mais tradicionais shoppings da cidade de
Belo Horizonte onde me refugiei do frio enquanto espero uma carona que me
levará de volta para casa depois de mais
um dia de trabalho. Sinto-me como um peixe fora d´água porque nunca gostei
de frequentar esses locais.
Lá fora o vento de junho sopra forte trazendo as agruras do inverno para
quem mora na rua e observo o luxo das lojas de departamentos com suas
geladeiras que mais parecem um guarda-roupa e seus televisores de plasma
parecendo cinemas.
O luxo está estampado em cada detalhe do recinto e a maioria dos
frequentadores também o ostentam
De verdade.
Ou de mentira.
Aqui dentro parece que ninguém sofre ou passa por qualquer tipo de
problema.
Uns de verdade.
Outros na aparência.
Parece que todos ao transporem a porta automática deixam seus problemas
do lado de fora. Que muita gente merece e pode viver no luxo, não resta a
menor dúvida. Que ninguém, mas ninguém mesmo, nunca deveria viver do lixo
e no lixo também não resta a menor sombra de dúvida. O que não se pode conceber
são os falsos ricos frequentarem lugares luxuosos enquanto as dívidas acumulam
nos cartões de crédito.
O que não pode ser considerado natural é uma pessoa pobre se fingir rico
e negar suas raízes levando uma vida de aparências.
O que não se pode conceber é pessoas ricas acharem que o mundo se
restringe a este espaço e que o dinheiro é a única mola que os movem,
esquecendo que a vida só tem sentido quando compartilhada, e que cada pessoa
precisa dar sua parcela de contribuição na construção de uma vida mais digna
onde a sobrevivência de todos e todas e do mundo sejam garantidas.
Somos consumistas! E sabendo disso as agências de propaganda se
esmeram na arte do convencimento. Um exemplo claro desse consumismo exacerbado
é o famigerado celular que pode ser visto na mão de qualquer criança que fica
horas com eles nas mãos para que pais irresponsáveis possam ficar mais
relaxados. Espero que um dia as pessoas tenham consciência do luxo e do
lixo e cada um viva sua vida dentro dos padrões do bom senso e da
responsabilidade.
Que venha o luxo na medida certa das posses financeiras, e que o lixo
nunca seja a meta e o destino de um ser humano. Espero que a pessoa pobre
possa entender que um assalariado não pode dar-se ao luxo de comprar e usar
nada de grife famosa.
Uma coisa é certa, nem sempre o luxo precisa ser com o preço alto, o
chique é sentir-se bem sem ter que se preocupar com o que os outros pensam, usam
ou dizem.
Vou usar aquilo que me deixa feliz!
Espero que cada pessoa ao escolher o tipo de vida que deseja se lembre que
devemos querer para o outro aquilo que queremos para nós.
E contribuir na construção de uma sociedade mais justa, humana e
fraterna, e que a esmola seja coisa do passado e substituída pela
partilha.
E viva o
luxo.
E que o lixo
seja corretamente descartado para não se misturar com as pessoas.
Geraldo, meu querido!
ResponderExcluirA imagem de cima e a de baixo falam por si mesmas.
Seu texto, como sempre, é um "luxo", em matéria de verdades.
Abraços.