 |
Atrás deste portal era a morada da Maldade e Ignorância dos poderosos, e era o Lar de pessoas que nunca desistiram. |
Fui convidado a utilizar meu blog para
mostrar as barbaridades a que foram submetidas as pessoas atingidas pela hanseníase
pelos seus familiares.
Ainda trago na memória,
quando me vejo com uns doze anos (1962), levando uma “esmola” que minha mãe
mandava entregar ao “leproso” que vinha montado em seu cavalo ou amparado em um
pedaço de pau que lhe servia de bengala.
Os pobres não tinham
tanto medo dos leprosos vítimas da hanseníase, mas para a elite eles eram uma
ameaça e deveriam ficar confinados como bichos.
Assim era a Colônia
Santa Isabel.
Um local totalmente
cercado e com guardas armados, lembro-me até hoje, quando de carona no caminhão
que levava o leite tínhamos que esperar o guarda tirar a grossa corrente que
cercava a entrada.
Pavilhões cheios de seres
humanos condenados pela doença.
Eu era muito novo e
ingênuo para entender.
O abandono era visível.
A doença consumia o
corpo com a perda de sensibilidade, depois com as lesões dos nervos
periféricos, que se juntando à saudade dos entes queridos, consumia também a
alma, e a dor tornava-se insuportável para os condenados sem crimes.
Não existia medicina
para pobre, mas alguns anjos disfarçados de médicos (as), enfermeiros (as), e
outros se empenhavam de corpo e alma para amenizar o sofrimento e o calvário causado
pela mutilação física e mental dos confinados.
Não vou citar nomes
para não cometer o pecado da omissão.
A doença agora tem
cura, mas o preconceito mesmo disfarçado, ainda existe.
A Colônia Santa Isabel
foi apenas um dos muitos locais de isolamento que foram construídos no país.
Aqui nasceu o MORHAN
(Movimento de Reintegração das Pessoas atingidas pela Hanseníase), que está
discutindo com o poder público a reparação de danos causados pela política de isolamento,
internação compulsória, e separação também dolorosa que obrigavam os doentes ou
suspeitos da doença se apartarem dos entes queridos. Muitos meninos e
meninas foram protagonistas de estórias de horror ao serem arrancadas do seio
materno e entregues a qualquer pessoa, que muitas as escravizavam muitas vezes as
obrigavam a se prostituírem.
Outros eram internados
em reformatórios, preventórios, creches e famílias substitutas ou instituições
irregulares onde passavam a viver no meio de estranhos, sendo educados a socos
e toda espécie de agressões.
Existem relatos
inimagináveis sobre essas ocorrências.
Até creches foram
construídas para abrigar os deserdados da Hanseníase.
E o mundo todo acha que
somente Hitler foi responsável pelos holocaustos.
Esta falta de
humanidade fez crescer no Brasil uma geração, sem referência de família e que
até hoje, em pleno século XXI vem lutando para acabar com os transtornos
psicossociais gerados pelo holocausto silencioso a que foram submetidas.
A presidenta Dilma
Rousseff visitou Betim no dia 11 de maio de 2012 onde recebeu uma comissão do
Morhan que pleiteava a constituição de uma comissão interministerial para
propor critérios ao Governo Federal para que se proceda o reconhecimento formal
do poder público dos erros cometidos contra estas pessoas, em nome da limpeza
social e de uma política sanitária segregacionista.
Após esse
reconhecimento, assim como fez o Presidente Lula ao atender a luta do Morhan,
ao emitir uma medida provisória que originou a Lei Federal 11.520/2007 que
reparou em parte os danos cometidos pelo estado brasileiro às pessoas
submetidas ao Isolamento e Internação compulsória nos diversos hospitais colônias no
Brasil como a Colônia Santa Isabel em nosso dileto município.
A luta continua.
A Hanseníase está indo
embora com o processo de atenção terapêutica denominada de Poliquimioterapia
fornecida pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
O importante é que em
vida essas pessoas recebam este pedido de desculpas por meio da chefe da nação
e que se repare ainda que em partes, este apartheid social e esse holocausto
brasileiro.
O governo precisa criar
meios para evitar que aconteça tudo de novo.
Parabéns ao Morhan que
vem promovendo essa luta inclusiva.
HANSENÍASE TEM CURA.
PRECONCEITO É DOENÇA DA ALMA
Olá Geraldo,
ResponderExcluirTriste vida, triste acaso, e triste fato.
O governo precisa concientizar mais e entender que o povo é gente assim como ele.O governo é obrigado criar meios para evitar que aconteça tudo de novo.
Grande abraço!
Ótima semana!
Olá, parabéns por usar teu espaço para denunciar ou relatar essas injustiças.Um abraço,
ResponderExcluirwww.gincanahanseniase2012.wordpress.com
Meu amigo este texto bem que poderia esta vinculado ao Jornal de Minas,voce fez um relato perfeito desta discriminação ainda vigente.Use cartas ao jornal envie, é preciso que mais pessoas leiam e tenham consciencia desta maldade,que bem me lembro passaram os de pulmoes lesionados, que eram colocados isolados, lembro de um em BH onde fui fazer uma visita nos anos 60,acho que Hugo Vernek.Belo trabalho que insisto deve ser circulado principalmente em BH.
ResponderExcluirMeu abraço.
Voc enumera com IV,quero ver os outros.