No dia seguinte à realização de um forró
para arrecadar fundos, ao chegar ao asilo fiquei conversando como uma amiga
sobre o sucesso da festa.
Uma mulher acompanhada de dois dos cinco
filhos, e de sua mãe, se aproximou perguntando onde poderia pegar uma cesta
básica.
Ali estava representada três das cinco
gerações que até hoje são dependentes da ajuda e da caridade de terceiros.
Então, obedecendo ao meu instinto fiz a
seguinte pergunta para minha amiga: Você sabe qual é a diferença entre pobreza
e riqueza?
E sem esperar uma resposta, completei...
A riqueza de bens materiais herdada, se for
mal gerenciada pode ser perdida a qualquer momento, enquanto a pobreza herdada
e assimilada na sua totalidade é para sempre e só tende a aumentar.
Será cultural?
Genética?
Um lance de sorte?
Ou de azar?
Muitos ricos ficaram e ficam pobres da
noite para o dia.
Muitos ganhadores de loterias não souberam
assimilar a riqueza adquirida e voltaram para a pobreza.
Quantas heranças milionárias simplesmente
desapareceram e deixaram em seu rastro pessoas estressadas e sem rumo? Quantas empresas fecharam suas portas quando
foram incluídas em um inventário?
Ficar pobre da noite para o dia é
acontecimento corriqueiro.
A pobreza herdada não pode ser perdida.
É a própria perdição.
Comece a observar as pessoas ao seu redor.
Várias gerações de uma mesma família se
agrupam em um mesmo local, e vão criando os filhos da miséria para serem os
herdeiros de nada.
As favelas e alguns cortiços são exemplos
vivos deste modo de viver. Alguém chega a um determinado local e constrói sua
moradia do jeito que sua condição financeira permite. Os filhos crescem e vão
ocupando os espaços que ainda não sãos seus. Os netos crescem e também vão
ocupando espaços que ainda não herdaram, e dividem o local e a miséria de
todos, harmoniosamente ou não.
Na conversa com minha amiga pudemos
constatar o quanto isso é verdade. Temos exemplos concretos em nossas famílias.
O seu cunhado, irmão do seu marido era empregado em uma multinacional, ao se
casar, expulsou os pais para o “famoso e terrível” quartinho dos fundos, e
ocupou a casa que era deles.
Segundo esta amiga, o seu cunhado indicou
vários amigos para trabalhar na mesma empresa, e todos conseguiram melhorar o
padrão de vida das suas famílias, menos ele. Que no seu comodismo não tem nada
para chamar de seu, e daqui há uns anos vai depender da boa vontade do irmão
quando a mãe falecer e tiverem que inventariar o único bem que ela deixará para
os dois herdeiros.
Um não assimilou a pobreza dos pais e se
tornou um empresário bem-sucedido.
O outro já teve o seu jeito de viver
relatado acima
Na minha família o episódio não foi muito
diferente. Meus pais criaram sete filhos em uma modesta casa construída em um
terreno de relativamente grande. Ele queria que os filhos construíssem seus
barracos ao redor da sua casa, à medida que iam se casando.
Quando eu lhe disse que iria comprar o lote
onde moro, ele tentou me convencer a não comprar dizendo que não havia
necessidade.
Não aceitei.
Resultado...
Depois da morte dos meus pais, quem
assimilou a ideia de não ter nada adquirido com o seu suor, convive até hoje
com os relacionamentos mal resolvidos vivendo espremidos em meio lote.
Os que não assimilaram, moram mais
confortavelmente e independentes.
A vida é assim.
Não é um lance de sorte
Riqueza demais provoca dependência.
Pobreza em demasia causa dependência.
A vida é assim.
É uma questão de saber escolher aquilo que
pode trazer ou não mais felicidade.
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