30 agosto, 2010

A ESPADA MÁGICA



                          


        



Tinha tudo para ser um fim de semana como qualquer outro. Meu filho Marcus Vinicius chegou da escola com um daqueles ingressos mentirosos dizendo que entraria de graça no circo se fosse acompanhado por um adulto. 
Com ou sem aquele ingresso qualquer criança entraria, e assim que a noite chegou lá fomos nós para o circo.  E era realmente um espetáculo, porque não importa o seu tamanho, nele um mundo colorido de fantasias e de risos sempre estará esperando quem ainda quer se encantar. Os circos ainda continuam tendo e mostrando muita magia, e como sempre acontece, os artistas transformam-se em camelôs e vendem de tudo, antes, durante, e depois do espetáculo.
Neste circo eles vendiam uma espada onde se acendia uma luz que ficava piscando, e como a maioria das crianças, o Marcus pediu que eu comprasse.
Como dizer não para uma criança dentro de um circo? 
O lugar de se encontrar com a magia!
E o Marcus se tornou mais um entre dezenas de pontos iluminados. Terminado o espetáculo voltamos para casa satisfeitos por termos visto de perto um enorme Elefante e um grande Camelo que dançavam depois de terem sofrido bastante para se acostumarem com a vida naquela selva de pedra.
-Pai!
-Sim?
-O palhaço disse que esta espada é mágica e que mora um duende dentro dela, será verdade?
-Se ele disse, pode ser que seja!
Era noite de sábado, e lá foi o “He-Man” dormir com a sua espada mágica. E como sempre acontece nos momentos mágicos, a fada da magia veio embalar o sono do meu filho.
-Você precisa encontrar a Fada da felicidade, disse ela.
-Mas, eu já sou feliz.
-Eu sei, mas tem muitas crianças que ainda procuram a felicidade e elas estão te esperando para ajudá-las, disse a Fada.
-Mas onde elas estão?
-Elas estão no alto daquela montanha.
-Mas, é muito longe!
-Eu sei, mas se você não a encontrar muitas crianças deixarão de acreditar na felicidade, e você não quer que elas sejam infelizes para sempre, ou quer?
-Claro que não; posso chamar meu pai para ir comigo?
-Pode sim, você acha que ele vai querer?
-Tenho certeza de que ele vai gostar de ir comigo.
E no outro dia bem cedinho, com uma mochila nas costas e a espada mágica na mão acendendo e apagando lá fomos nós à procura da Fada da felicidade. A montanha alta, na verdade era um elevado perto da nossa casa, que por um milagre, ainda preserva um pouco da natureza sempre destruída em nome do progresso e por um outro milagre que faz existir estradas de terra. Andamos um dia inteiro, e quando decidimos parar para descansar ouvimos um barulho de água corrente. Era o barulho de um rio caudaloso e muito largo, iguaizinhos àqueles que existiam quando as pessoas ainda não conheciam o termo “lucro a qualquer custo”.
Realmente estávamos encontrando a felicidade.
Os milagres se sucediam.
Onde ver um rio de águas cristalinas sem ser através da magia? 
Como estávamos cansados, dormimos como duas pedras e fomos acordados pelo canto dos pássaros. Depois de tomar um bom café, percebemos que a montanha estava do outro lado o rio.
-Como vamos atravessar?
-O senhor esquece que eu tenho a espada mágica?
E ao tocar com ela na água, um enorme peixe colocou a cabeça para fora e disse: - Eu fui mandado para levar vocês até a outra margem, subam nas minhas costas e segurem firme. E num piscar de olhos estávamos do outro lado do rio.
-Ei senhor Peixe qual é o seu nome, perguntou o Marcus. -Escamoso! respondeu o peixe, enquanto mergulhava nos desejando uma boa procura.
Sem acreditar no que estava acontecendo, voltamos a caminhar e parecia que a "montanha" se mexia para longe assim que nos aproximávamos.
O céu estava limpo sem uma nuvem sequer e o que nos salvava era um vento fresco que soprava forte contrastando com o calor escaldante do sol e o nosso relógio era o sol e o cansaço. Quando ele começou a se esconder, o Marcus estava vermelhinho como um pimentão, e botando a língua para fora, disse: - Se não fosse para encontrar a Fada da Felicidade eu já teria desistido.
Estou tão cansado!
Mais uma vez armamos a barraca para passarmos a noite, depois de comer alguma coisa, que naquela altura era um banquete, dormimos como duas pedras. Foi mais uma noite pequena demais, tanto era o cansaço. Mais uma vez retomamos nossa caminhada e íamos observando as maravilhas da natureza que com sua beleza mostrava o carinho de Deus quando a criou para deleite das pessoa
Por que não aprendemos a preservar?
Íamos felizes e despreocupados que nem percebemos que estávamos caminhando à beira de um grande buraco que se punha entre nós e a montanha.
-Pai, como vamos atravessar, será que não vamos conseguir chegar?
-Que é isso meu chapinha, e a sua espada mágica? 
Antes que ele a usasse ouvimos um barulho estranho que vinha de uma moita fechada perto de uns coqueiros muito bonitos que davam um toque de grandeza na exuberância da natureza.
Estáticos, ficamos esperando para ver que barulho era aquele, e não é que surge uma turma de garotos, todos com uma espada na mão?
-O que vocês estão fazendo aqui, perguntou o Marcus. 
-Nós viemos encontrar a Fada da esperança que mora no pé daquela montanha. -Como conseguiram chegar aqui, perguntou o Júlio, o mais alto da turma.
-Nós viemos ajudar vocês. disse o Marcus. Ela mora é no alto da montanha, vocês não vão acreditar, mas foi fera, para a gente chegar até aqui andamos nas costas de um enorme peixe.
E vocês como chegaram? 
-Não sabemos, aconteceu igual com todo mundo, estávamos dormindo e de repente as espadas acenderam sozinhas e sem perceber nos vimos perto deste enorme buraco.
Agora eu entendi! 
A Esperança pode vir num sonho, mas a felicidade para ser encontrada, muitas vezes, é preciso vencer grandes obstáculos e se alimentar de muita esperança.
Passada a alegria do encontro, era preciso descobrir como ultrapassar o enorme buraco que se punha entre o grupo e a Fada. 
O Marcus Vinicius, apesar de ser o menor da turma foi quem tomou a iniciativa e disse: -Já que nossas espadas são mágicas, vamos usá-las.
Imediatamente todos acenderam suas espadas e apontaram para o fundo do buraco. Um enorme barulho de bater de asas se fez ouvir e dez águias enormes apareceram dizendo: Fomos enviadas para conduzi-los para a esperança e para a felicidade.
Subam e segurem-se”.
E nas asas das águias fomos em busca da felicidade e num piscar de olhos estávamos no alto da montanha.
Como é bom olhar o mundo daqui de cima.
” A terra é azul”, disse o astronauta.
Deve ter sido isso mesmo que Deus disse quando olhou para a sua criação e “viu que tudo era bom”.
As estrelas vieram se juntar a nós e disseram que era preciso descansar porque a descida ia ser muito dura.
Todos adormeceram como se tivessem sido encantados pela Fada dos sonhos. 
Quando acordei já era domingo de manhã e o Marcus Vinicius dormia com um sorriso nos lábios como se estivesse sonhando, e com certeza, os outros meninos e meninas também estavam sorrindo.

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