ESTE TEXTO FOI ESCRITO EM ABRIL DE 2007 E LIDO 1500 VEZES NO USINA DE LETRAS.

Estou sentado na varanda da casa que eu mesmo
construí com muito suor e sacrifício tendo que dividir meu tempo com o
trabalho, com minha esposa e os meus filhos para quem eu construíra.
E agora ela não é mais minha porque perdi as forças
para governar meu próprio corpo.
Preciso de ajuda para me locomover e até para me
deitar. No começo parecia que alguém me amava e não se importava em cuidar
de um fardo sem utilidade, mas em pouco tempo a paciência pediu licença e
foi embora levando consigo a caridade, o carinho e o amor. E comecei a me sentir um estranho dentro da própria
casa que eu mesmo construíra. Até que um dia dois estranhos vieram me visitar,
e sem dúvida eram pessoas caridosas. E ao conversar com aquelas pessoas elas me
fizeram a pergunta que eu nunca imaginara ouvir: O senhor sabe que estão
querendo colocá-lo em um asilo?
Eu sabia, mas disse não saber.
A pergunta seguinte foi ainda mais dolorosa: O
senhor quer ir?
Até parece que eu tinha querer! E sem ação,
um não ficou entalado na garganta quando percebi que teria de abandonar a casa
que eu mesmo construíra e que o carinho e atenção que preciso terá que vir de
fora desta mesma casa.
Fui para o asilo.
Os primeiros dias foram de muita dor. Agora eu não
ouço mais a algazarra dos meus netos e não escuto mais as vozes da minha esposa
e dos meus filhos. Meus parentes mais próximos agora são meus companheiros de
quarto que sofrem com o mesmo problema.
Durmo até a hora que o corpo pede para levantar.
Tem alguém que me leva para o banho.
Tomo o café da manhã e fico sentado em uma poltrona
olhando para um outro mundo que termina em um muro alto e intransponível.
Tem hora para almoçar, estando ou não com fome. Ainda
não me acostumei com os gritos e gemidos dos meus colegas de quarto, mas posso
me deitar e levantar quantas vezes quiser, dormir ou fingir que estou dormindo
para que o tempo passe mais rápido. Sou escravo de mim mesmo, do meu tempo, e
do tempo dos outros. De vez em quando pessoas simpáticas aparecem para
conversar parecendo querer substituir alguém que não deveria querer ser
substituído.
E fico esperando não sei o quê.
E fico pensando...
Um filho ou filha que vão ao asilo visitar um pai ou
uma mãe que lhe deram carinho, ainda são filhos, ou só mais um visitante?
Mas também não sei se uma mãe ou um pai morando em
um asilo podem ou merecem ser chamados de pais. Meus filhos agora são as pessoas
que não gerei e que cuidam de mim.
Dizem até que se alguém quiser pode me levar para
passear, para dormir uma noite ou outra na minha antiga casa.
Mas eu não tenho mais a casa que eu mesmo construí
e agora ela é propriedade dos herdeiros que eu gerei.
Não quero ficar indo e vindo.
Preciso me desligar do passado.
Sei que não vou esquecer o sorriso dos meus netos,
mas enquanto meu corpo deixar quero me lembrar dos acertos e desacertos que
cometi na criação dos meus filhos.
Agora só me restam lembranças.
Inclusive da casa que eu mesmo construí.
OI GERALDO!
ResponderExcluirMUITO TRISTE,MAS REAL.
ABRÇSZilanicelia.blogspot.com
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O olhar ao idoso no Japão e na China, por Silvia Masc
ResponderExcluirData: 28 de junho de 2013
Na China e no Japão, a velhice é sinônimo de sabedoria e respeito. O fenômeno envelhecer é natural e inerente a toda espécie e tem sido preocupação da chamada civilização contemporânea. Os idosos são tratados com respeito e atenção pela vasta experiência acumulada em seus anos de vida. A família é o Porto Seguro do idoso.
Os familiares mais jovens declaram com orgulho os sacrifícios realizados pelos seus idosos em benefício da família, como a iniciação ao trabalho muito cedo com pouca instrução para o sustento e estudo dos filhos, demonstrando sempre alegria, festa e plenitude pela presença do idoso.
A cultura dessas sociedades tem como tradição cuidar bem, glorificar e reverenciar seus idosos, resultado de uma educação milenar de dignidade e respeito.Os japoneses consultam seus anciãos antes de qualquer grande decisão, por considerarem seus conselhos sábios e experientes.
Em outros grupos das sociedades antigas, o ancião sempre ocupava uma posição digna e era sinônimo de forte aspiração perante todos. Os idosos têm intensa atuação nas decisões importantes de seus grupos sociais, especialmente nos destinos políticos.