É ASSIM QUE O SER HUMANO É TRATADO. |
Há muito tempo não andava de
ônibus. Depois de passar mais de cinco anos sem ir a Belo Horizonte, nem mesmo
a passeio, estou novamente indo e voltando todos os dias usando o transporte
coletivo com seus veículos caindo aos pedaços testando a paciência de quem é
obrigado a usá-lo para se locomover e fico observando as pessoas com seus
olhares perdidos no vazio. Dentro do ônibus uma placa do órgão de governo que
gerencia o transporte diz que é proibido ficar na escada. Mas ela é parte
integrante do espaço para empilhar pessoas porque o lucro abusivo das empresas
precisa ser preservado, mesmo
não tendo nada a oferecer aos passageiros da agonia. A relação do
empresário do setor de transporte com seus usuários é uma via de mão única onde
muitos são torturados e poucos ficam cada vez mais ricos. A maior tristeza é
saber que de dois em dois anos o dinheiro arrecadado com o excesso de
passageiros irá financiar a campanha de um político que será eleito com o voto
democrático dos passageiros da agonia.
E continuo observando a
sacanagem de um transporte coletivo que iguala os seres humanos aos porcos e
bois a caminho do abate com o balançar de um ônibus lotado de pessoas que
procuram o abrigo de um lar ou o desconforto de uma carteira de escola que os
preparam para um futuro incerto nesse país das incertezas, e isso vai
minando a paciência dos passageiros. Estressando!
Criando neuroses! Agora
vamos falar do lado quase humano de quem é obrigado a fazer isso
todos os dias e veremos a indiferença que muitas pessoas
nutrem umas pelas outras.
Os animais não falam, mas quando
se aproximam uns dos outros se cheiram, exalam algum odor e soltam algum som ou
fazem algum gesto para dizer: estou aqui.
Dentro de um ônibus duas pessoas
se roçam o tempo todo nos corredores apertados pelo balançar das rodas (espero
que seja só por isso), e sequer trocam uma palavra, e às vezes até se olham com
desprezo. Idas e vindas tornam-se monótonas e demoradas e dois seres que se
dizem humanos, sentados lado a lado raramente se olham ou entabulam uma
conversa. Muitos ficam falando ao celular incomodando quem está ao seu lado sem
sequer se dar conta que o outro também existe. Alguns fecham os olhos
fingindo dormir, talvez para fugir de algum olhar que lhe pede para dizer
alguma coisa, ou dos olhares que os incomodam. Tem os que ocupam o lugar
reservado às pessoas com necessidades especiais e também fingem dormir para não
ceder o lugar a quem o tem garantido por lei. Outros dormem de verdade,
vencidos pelo cansaço, embalados pelo barulho do motor e pela mudez do
passageiro ao seu lado.
Os olhares perdidos dos
passageiros me dão a impressão que estão olhando para o vazio, e quase não se
vê um sorriso de alguém. O doloroso é saber que muitos desses
comportamentos acompanham as pessoas para dentro de suas casas onde marido e
mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs se cruzam nos corredores sem um simples
gesto de carinho.
O ser humano precisa abrir-se
mais para o outro.
Os tempos modernos e a
tecnologia trouxeram máquinas que falam para que as pessoas fiquem mudas diante
das outras. Precisamos
urgentemente prestar atenção em quem está ao nosso redor, e se todos, ao
entrarem no ônibus o fizessem com o espírito desarmado este seria o melhor
consultório de psicanálise ou psiquiátrico que existe, porque querendo ou não,
é um dos melhores lugares para se dividir tristezas e repartir alegrias.
Quantos relacionamentos amorosos
começaram dentro de um ônibus?
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Afinal, não foi isso que o Pai
nos ensinou?
Então, quem ama enxerga o outro, mesmo quando
ambos são passageiros da agonia.
Criando neuroses! Agora vamos falar do lado quase humano de quem é obrigado a fazer isso todos os dias e veremos a indiferença que muitas pessoas nutrem umas pelas outras.
Os animais não falam, mas quando se aproximam uns dos outros se cheiram, exalam algum odor e soltam algum som ou fazem algum gesto para dizer: estou aqui.
Dentro de um ônibus duas pessoas se roçam o tempo todo nos corredores apertados pelo balançar das rodas (espero que seja só por isso), e sequer trocam uma palavra, e às vezes até se olham com desprezo. Idas e vindas tornam-se monótonas e demoradas e dois seres que se dizem humanos, sentados lado a lado raramente se olham ou entabulam uma conversa. Muitos ficam falando ao celular incomodando quem está ao seu lado sem sequer se dar conta que o outro também existe. Alguns fecham os olhos fingindo dormir, talvez para fugir de algum olhar que lhe pede para dizer alguma coisa, ou dos olhares que os incomodam. Tem os que ocupam o lugar reservado às pessoas com necessidades especiais e também fingem dormir para não ceder o lugar a quem o tem garantido por lei. Outros dormem de verdade, vencidos pelo cansaço, embalados pelo barulho do motor e pela mudez do passageiro ao seu lado.
Os olhares perdidos dos passageiros me dão a impressão que estão olhando para o vazio, e quase não se vê um sorriso de alguém. O doloroso é saber que muitos desses comportamentos acompanham as pessoas para dentro de suas casas onde marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs se cruzam nos corredores sem um simples gesto de carinho.
O ser humano precisa abrir-se mais para o outro.
Os tempos modernos e a tecnologia trouxeram máquinas que falam para que as pessoas fiquem mudas diante das outras. Precisamos urgentemente prestar atenção em quem está ao nosso redor, e se todos, ao entrarem no ônibus o fizessem com o espírito desarmado este seria o melhor consultório de psicanálise ou psiquiátrico que existe, porque querendo ou não, é um dos melhores lugares para se dividir tristezas e repartir alegrias.
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Afinal, não foi isso que o Pai nos ensinou?
Então, quem ama enxerga o outro, mesmo quando ambos são passageiros da agonia.
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