Fui educado no catolicismo e desde que me entendo
por gente ouço dizer que os anjos existem.
Sei também que ninguém nunca os viu.
Dizem que todos nós temos um anjo da guarda para
nos proteger, e até para nos dar um tranco quando resolvemos escolher o
caminho errado.
Na verdade, acho que eles são pequenos
“Deuses”.
O que me deixa incomodado é que todos eles nos são
apresentados de cabelos loiros, encaracolados e de olhos azuis.
E o que é pior.
O machismo impera absoluto nesta entidade, porque
nem a palavra pode ser dita no feminino.
Você já ouviu alguém dizer que anja existe?
Até bem pouco tempo eu pensava que eles ou elas
eram coisas da imaginação.
Depois percebi que existem de verdade e que são de
todas as raças e de todas as religiões.
Eles têm até sexo e nome, que não é só Rafael e
Gabriel.
Comecei a observar e percebi que, espalhados pelo
mundo tem um anjo ou uma anja de carne e osso esperando alguém para caminharem
juntos, ou para ficar ao lado cuidando de pessoas como quem cuida de Deus.
Eu sempre andei no meio deles e delas sem notar
suas presenças.
Fui enxergar a semelhança entre os anjos do céu com
os da terra quando observei mais atentamente os que frequentam o Lar Divino
Ferreira Braga.
Quero aqui prestar minha gratidão em nome de toda a
diretoria, aos anjos e anjas funcionários do lar que todos os dias, faça sol ou
chuva, levam e deixam um pedaço de suas vidas pairando no ar desta casa.
O importante é cada um saber que, na sua função,
dentro das suas virtudes e limitações, todos são muito importantes para cada
morador ao fazerem desta casa um paraíso que acolhe os filhos de Deus abandonados
pelos homens.
Tenho certeza que para alguns vocês não são apenas
anjos e anjas, porque com seu carinho e sua doação transcendem o limite entre a
terra e o céu, e transformam-se em espíritos de luz que guia os passos
vacilantes de quem não consegue andar, são os olhos atentos que quem não
consegue enxergar, e a consciência divina que quem deixou de pensar.
Existem também os anjos ajudantes cujos afazeres os
impedem de virem todos os dias, e que estão sempre presentes nas horas mais
difíceis a amparar quem não tem amparo. Com seus exemplos de doação e partilha
gratuita instigam os anjos titulares a serem deuses.
Para o asilo esses anjos têm vários nomes, cada um
com seu carisma, doando o que tem de melhor traz alegria e a certeza de que
esta casa com as suas presenças ganha muito em qualidade de vida.
Tem a anja e o anjo tímidos que aparecem para fazer
uma visita, não deixam seus nomes, mas trazem um colorido diferente, passam
como um relâmpago que sempre vai e volta deixando sempre alguém com saudade da
luz que espalha nesta casa.
Os anjos e anjas invisíveis também são muito
importantes, o tamanho da sua importância se mede pelo anonimato. Com sua
valiosa contribuição cumprem o papel que deveria ser do poder público.
Eles são os responsáveis pela existência desta casa
que com suas doações garante o emprego dos funcionários e a sobrevivência dos
moradores.
Tem anjo e anja que trabalham na retaguarda e
raramente aparecem por aqui. São os familiares, que sem reclamar não se
incomodam se o carinho que deveria ser seu ou sua, seja repartido com os filhos
que Deus escolheu para morarem nesta casa.
Não quero nomear as anjas e os anjos vicentinos,
são tantos. Mesmo aquele que se doa mais, tenho certeza que não gostaria de
receber homenagem pelo compromisso assumido de ajudar o pobre a carregar a cruz
quando ela se torna muito pesada.
Anjas ou mulher.
Anjos ou homens.
Mulheres e homens, ou anjos.
Vocês são a alma que encanta e o coração que pulsa
dentro desta casa, fazendo as batidas ressoarem nas paredes, no piso, e no
teto, trazendo vida para os que aqui encontraram uma família ao verem nos
funcionários a imagem do irmão que não veio, do marido ou da esposa que foram
embora, e do filho ou filha que esqueceram quem os gerou.
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