Não tenho nada a ver com a vida de ninguém, e sem querer
ditar maneiras de comportamento escrevo sobre tudo aquilo que me incomoda. Eu
não gosto de carnaval. Esta “festa” é tão insignificante que nem mesmo o
“Aurélio” a consegue definir e a descreve como: três dias que antecede
a Quarta-Feira de Cinzas. Dedicado a várias sortes de diversões, folias e
folguedos, e o define como “Grotesco”.
E como em todos os anos, na terceira sexta-feira do mês fevereiro
começa o tão esperado carnaval onde milhões de reais são gastos para promover
mais uma festa para turistas sexuais e para homens e mulheres que pagam a
peso de ouro por um lugar de destaque nos carros alegóricos ou como madrinhas e
padrinhos de baterias.
A indústria de
bebida e a hoteleira comemoram e a indústria do narcotráfico festeja. Os prostíbulos e
as prostitutas estão em festa e o profissional do entretenimento se realiza. Os
políticos com suas falcatruas são esquecidos por uns dias, e festejam. Todos os anos
damos esse espetáculo para o mundo, e muitos países nos olham como selvagens, e
o nosso povo brinca de ser feliz. E uma grande maioria que se contenta
com pão e circo continua sendo o bobo da corte como acontece em todos os carnavais. A grande maioria
dos foliões do asfalto ganha o quê? Depois desses três dias de festa o que será
que os espera? O marido ou a mulher abandonados junto com os filhos implorando
um pedaço de pão? Uma conta de água e de luz atrasadas na eminência de serem
cortadas? O dono do barraco querendo receber o aluguel? Aqueles e aquelas
que consomem drogas e caviar nos camarotes de luxo das passarelas se importam
com suas vidas? Felizes são os seguidores de religiões que promovem retiros
durante esse dias, e enquanto uma minoria faz chegar ao céu o seu louvor,
milhões fazem questão de esquecer a existência de Deus achando que ele também
se retirou para um cantinho do céu e só retornará na quarta-feira de cinzas quando
as máscaras caírem. E quando a quarta-feira de cinzas chega é hora de contabilizar e
fazer uma reflexão dos acontecimentos desses dias de festa. É hora de contabilizar
e de se entristecer com o número de acidentes e de mortes de muitas pessoas que
tiveram a coragem de colocar os seus blocos na rua. Quarta-feira de cinzas,
início dos quarenta dias do calvário até a crucificação do Cristo que se fez
homem por amor. E em muitos lugares os tambores ainda não calaram e a cuíca
ainda ronca, e as fantasias ainda não foram tiradas. E na volta da orgia muitos
vão para suas igrejas com cara de Judas arrependido ou de santo do pau-oco como
se nada de anormal tivesse acontecido. E em outubro próximo quando começarem a
nascer os filhos da folia e do carnaval onde andará, e quem será o pai? E todos os anos é assim, e pelo país a fora acontecem muitos
partos indesejados e abortos que machucam.
E enquanto eu estiver vivo, todos os anos voltarei a dizer que não gosto de carnaval.
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