11 setembro, 2022

A NOVA GERAÇÃO PRECISA ACORDAR

               

Escrevi este texto em maio de 2006.  Alguma coisa mudou?   

Sempre que escrever sobre problemas sociais que causam o abandono dos pobres vou começar pedindo desculpas às exceções, porque espalhado por esse imenso país verdadeiros anjos de carne e osso cumprem com dignidade e amor o papel que deveria ser da família, do poder público e de muitas outras pessoas que insistem em ignorar a miséria e a fome sofrida  pelos deserdados do poder. Muitas pessoas ficam tristes na frente do televisor vendo as imagens que mostram pessoas subnutridas morrendo de fome nos países pobres, principalmente na África. Mas uma grande maioria não quer entender que aqui no nosso país isso acontece bem na nossa porta e nós preferimos ignorar que abandono dos pobres à sua própria sorte é com certeza ignorar a presença de Deus. Quero fazer um alerta aos jovens que serão os pais da futura geração: Se vocês não mudarem a maneira de ver o futuro e não se prepararem para uma luta ferrenha contra as injustiças sociais e contra a degradação do meio ambiente, o futuro do mundo, e principalmente do nosso país será de muito sofrimento, sangue e dor.
Isto já está acontecendo.
Se as pessoas em condição de prestar algum tipo de ajuda emocional, educacional ou financeira não tomarem posicionamento e se mobilizarem para lutar contra a miséria e a fome, a situação vai ficar insuportável. Se os asilos continuarem abandonados e os nossos idosos e idosas sendo exploradas por seus filhos e neto e outros familiares vai chegar um momento em que todas essas portas também se fecharão. O governo não criou um meio termo entre o hospital e o asilo, e por isso, quando uma pessoa está ocupando o leito de um hospital sem que a medicina possa fazer mais nada para curá-la, ela é devolvida para casa ou jogada em um asilo para morrer ao lado de pessoas estranhas que vivem ali. Se as crianças continuarem morando nas ruas como cachorros sarnentos e nos abrigos que continuam torturando os jovens internos for a única esperança para quem não teve em quem se apoiar na hora de formar sua personalidade, com certeza seremos um país com muitos assassinos e ladrões.
Quem vai proteger os filhos da nova geração?
Quem vai proteger os seus netos? Se a justiça social não for além da uma cesta básica ou de um vale qualquer coisa e não procurar atingir o cerne que causa a miséria... O futuro vai nos apresentar uma legião de marginais controlando cada rua das cidades sob o comando dos traficantes e dos seus financiadores, que quase sempre são “empresários gananciosos, políticos corruptos, agentes da lei e pessoas que ocupam cargos em todas as esferas dos governos. Se não agirmos depressa esses “donos” serão a lei, a justiça e o juiz que julgará os herdeiros de quem cruzou os braços diante da miséria. É hora dos pequenos e grandes empresários e das pessoas com melhor poder aquisitivo investirem na educação de jovens e crianças da periferia e pararem de dar esmolas nos sinais de transito  achando que estão fazendo caridade. Em um país onde o político é inatingível pela lei e o pobre é como uma mercadoria de segunda em liquidação, precisamos fazer um mutirão para cobrar a quem de direito para que a riqueza do país seja usada na transformação dos pobres  abandonados em seres humanos de verdade. Na década de oitenta o governo fechou os manicômios que eram locais de tortura e "devolveram" os internos os internos para suas famílias.
E fico pensando...O que era ruim? O Manicômio, ou a forma como eram conduzidos os procedimentos e o comportamento dos que eram pagos para cuidar dos doentes? Para os que podem pagar uma casa de acolhimento da iniciativa privada a lei não provocou nenhuma mudança significativa porque é só levar o parente para uma dessas casas e fingir que ele não existe. Imaginem a angústia de uma pessoa que precisa trabalhar todos os dias e ter que deixar uma pessoa com algum distúrbio mental convivendo com sua família, e por quanto tempo isso será possível? Na semana passada a polícia militar da minha cidade fechou uma casa onde um “religioso” mantinha dez seres humanos trancados, com fome e sem higiene pessoal como se fossem animais sem dono. Para entrarem na casa para retirar essas pessoas foi preciso usar três máscaras descartáveis ao mesmo tempo. Os policiais percorreram vários lugares e ninguém quis acolhê-los, até as casas mantidas com dinheiro público alegaram falta de vaga. Quando não se consegue uma vaga para acolher a imagem e semelhança de Deus, não é possível improvisar? Nós da SSVP os acolhemos. O Lar Vicentino Divino Ferreira Braga improvisou. Os albergues públicos, então, são verdadeiras aberrações, "recolhe" o pobre como se fosse lixo, dá-lhe um banho e um prato de comida como se fosse um cachorro e o devolve de volta para as ruas para continuar percorrendo sua via-crúcis e continuar cumprindo sua pena de condenado pela pobreza. Por que não fazer desses lugares um centro de triagem para colocar na cadeia os que são de cadeia e tirar definitivamente da rua o pobre que não tem para onde ir?
Muitos dirão que isto é impossível!
Mas nada é impossível quando o amor e a caridade vêm em primeiro lugar.

 




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