Publiquei este texto no dia 11/01/2006 no USINA DE LETRAS.
Com toda sinceridade, alguma coisa mudou nesses mais de dez anos?
Em relação à foto e comentário abaixo, sei que existem belas e raríssimas exceções que exercem sua função com dignidade e responsabilidade.
Em relação à foto e comentário abaixo, sei que existem belas e raríssimas exceções que exercem sua função com dignidade e responsabilidade.
Os Assistentes Sociais de hoje têm coragem de entrar aqui? |
Fui
chamado a participar de uma reunião para falar de assistência social, e para minha
surpresa, era a realização de um pomposo Fórum, que segundo seus idealizadores,
seria para debater os problemas na nossa cidade.
Olhando
no rosto, nas roupas e na pose das recepcionistas, percebi que quem precisa e
assistência é a própria “Assistência Social”, que a maioria dos que estão no
poder pensam que praticam, mas não sabem, ou não querem praticar.
A
ostentação.
O
luxo.
O
puxa-saquismo.
A
falta de humildade.
O
excesso de formalismo e o número excessivo de cabos eleitorais engessam
qualquer iniciativa de se falar e praticar uma assistência social digna e sem
esmola, onde a exploração política nunca deveria ser o tema da conversa do dia
seguinte.
Para
quem já perdeu a dignidade,
Por
ser pobre.
Ou
por estar velho demais para lutar.
Por
ter nascido no país onde a corrupção é passada de geração a geração ensinando
que o dinheiro e o poder são mais importantes que o amor.
A
maioria dos que promovem,
Que
estão no comando,
Que
compõem a mesa,
Que
tem voz.
Nunca
sentiram na pele a dor pela falta de um médico e nunca viram um parente
morrer por falta de medicamento sempre em falta no pronto atendimento, ou no
hospital.
Solidariedade...
De um assistente social que só assiste dentro de uma sala com ar condicionado, e que nunca entrou em um asilo ou em um barraco de um pobre.
De um assistente social que só assiste dentro de uma sala com ar condicionado, e que nunca entrou em um asilo ou em um barraco de um pobre.
A
maioria dos “delegados” do Fórum Social ocupam cargos, com e sem merecimento e
competência, e mesmo assim acham que praticam assistência social, sem nunca
terem entrado em uma favela a não ser para pedir voto para o sacana que o
empregou. Sem nunca ter entrado em um
hospital público. Sem nunca ter frequentado fila de um posto de saúde, nem
mesmo para ver como são tratadas as pessoas doentes que vão ali em busca de
socorro. Sem nunca ter ficando esperando
meses, com a vida por um fio simplesmente porque na prateleira do Almoxarifado
está faltando um fio cirúrgico que custa menos de dez reais.
Olhando
no semblante alegre e na roupa de domingo dos delegados que nada delegam, que
são subordinados e decidem em cima do que já está decidido. Vejo-me a
pensar...
Quem
nunca frequentou ambiente de pobre e nunca entrou em um barraco não pode falar
de assistência social. É preciso ter cheiro de pobre, ou simplesmente, ser um
pouco franciscano, que mesmo tendo posses passou sua vida tentando erradicar a
pobreza.
As
frutas que enfeitavam as mesas do ambiente nunca aparecem para causar aquele
brilho de satisfação nos olhinhos dos inocentes que residem em barracos que nem
mesa tem.
O
café servido aos puxa-sacos, falta todos os dias onde a fome e a incerteza do
que comer amanhã, é o pesadelo constante.
Na
periferia a luz que brilha não é dos holofotes das filmagens, mas os da polícia
que reprime, como se ter nascido pobre foi ter cometido algum crime.
Todos
se levantaram para ouvir o Hino Nacional, só eu fiquei sentado, não por
desrespeito ao país. Simplesmente em solidariedade aos milhares de seres
humanos que não querem viver de esmola, mas mesmo assim, são massacrados por
uma “Assistência Social” elitizada que os vislumbram da janela dos escritórios,
no aconchego das poltronas e do ar condicionado.
Deveria
ser proibido tocar o Hino Nacional nas solenidades onde a ostentação e a falta
de compromisso com os que sofrem, é sem dúvida a marca registrada.
Ouvi
o hino e saí!
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