ERA PARA SER UM
ESPETÁCULO
Sentei-me
confortavelmente na cadeira de balanço para receber uma ilustre visita.
E ela não se fez de rogada, inundou meu alpendre com a cor de ouro que é a sua marca registrada, veio com toda sua majestade para me fazer companhia. Com um sorriso em sinal de agradecimento perguntei: Oh! Lua existe em algum lugar do mundo algo que encanta mais que este espetáculo, alguma luz mais brilhante?
E ela não se fez de rogada, inundou meu alpendre com a cor de ouro que é a sua marca registrada, veio com toda sua majestade para me fazer companhia. Com um sorriso em sinal de agradecimento perguntei: Oh! Lua existe em algum lugar do mundo algo que encanta mais que este espetáculo, alguma luz mais brilhante?
E ela
respondeu: - Eu sou apenas um satélite que reflete a luz do Sol, então o nascer
e o pôr-do-sol certamente são mais belos.
Na manhã
do dia seguinte fiquei de boca aberta, esperando o Sol aparecer com toda a sua
majestade de astro rei. E sua luz intensa e seu calor invadiram meu alpendre. E
perguntei: Sol, existe no universo luz mais brilhante?
E ele
respondeu: - Claro que existe. A vida que renasce todos os dias, iluminada pela
luz de quem me criou.
Então
descobri o obvio.
O dono do
espetáculo da Lua é Deus.
O dono do
nascer e do pôr-do-sol, e da luz que dá vida, é Deus.
Ele é o
grande regente e mestre do espetáculo da vida, que a cada dia é diferente do
outro.
Nós fomos
convidados a fazer parte desse espetáculo, mas nos contentamos em sermos meros
figurantes que queimam o filme, destroem os cenários, e estragam a cena.
Agora
somos chamados a refletir sobre a Amazônia, e sobre o seu povo sofrido.
Muito
bem, acho que é um tema apaixonante e digno de ser lembrado.
Mas o
problema não está lá.
O cerne
de todos os problemas está na política corrupta dos donos do poder, dos
latifundiários de terras, e de vidas que se deixam grilar e apossar. A grande
maioria dos políticos são donos de terras que nem mesmo eles sabem a extensão,
e certamente nunca pisaram em metade da sua propriedade.
A luta para
defender os oprimidos e a natureza, precisa ter como cenário, os gabinetes e os
palácios da injustiça e do podre poder público.
Quantos
Chicos Mendes serão necessários sacrificar?
Quantas
Irmãs Dorotys deverão serem sacrificadas?
Quantos
guerreiros anônimos terão que morrer?
Ah! Se o
sol, a lua, as estrelas, e a natureza como um todo, pudessem gritar!
Com
certeza iríamos conhecer quem é o grande responsável pela destruição da
natureza.
Certamente não são os pobres.
Certamente não são os pobres.
As
grandes madeireiras pertencem a quem?
Quem
opera a moto serra não é o responsável pela matança das árvores. Os verdadeiros
assassinos são os gananciosos que até hoje os escravizam.
As minas
de carvão.
O pobre que
fica na boca do forno para fabricar carvão como um escravo para enriquecer seu
dono, também não é responsável.
Quem
libera o transporte?
Quem
fiscaliza?
Nos postos
de fiscalização das rodovias brasileiras alguém só é parado somente se for
denunciado. Posso dizer isso porque viajei mais de 20.000 quilômetros em dois
meses, e nunca fui parado em uma fiscalização, e nos postos da polícia, quase
sempre, ao passar observava os policiais tranquilos, sem ao menos olharem quem
passava.
Para que
serve o Ibama? Para fiscalizar pescadores amadores que pegam o peixe para
comer, e não sabem que de madrugada, caminhões transportam de tudo sem serem
vistos porque são invisíveis aos olhos da fiscalização.
Para que
serve o Incra?
Para
explorar os povos indígenas que continuam recebendo espelhos, apitos e cachaça.
Temos um ministério do Meio Ambiente.
Temos um ministério do Meio Ambiente.
Só podia
ser meio, porque não, do ambiente inteiro? Quantos funcionários tem estes
ministérios, quantas salas eles ocupam?
Quantos
trabalham de verdade?
Temos
ministério da Reforma Agrária.
Que reforma?
Como reformar
o que não dá mais conserto?
Eles
simplesmente são do meio político.
Corruptos.
Corruptores.
Não sabem o que é natureza.
Corruptores.
Não sabem o que é natureza.
Eu não
sei se meus leitores perceberam...
Esse texto tinha tudo para ser um
poema de exaltação da beleza de um luar, de um pôr-do-sol, de uma vida. Mas
para que esses espetáculos possam continuarem encantando é preciso gritar aos
quatro cantos do universo que o MUNDO PEDE SOCORRO.
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