É NO SILÊNCIO QUE OUVIMOS A VOZ DE DEUS. |
Hoje, sai à noite para fechar o
portão e fui tomado por uma sensação estranha, não sei se de nostalgia, de
tristeza, ou de medo do silêncio absoluto que reinava na minha rua.
Foi um dia chuvoso. A chuva
torrencial do dia lavou completamente a rua deixando o asfalto com sua
negritude que dá medo, e a extrema limpeza que arrepia. Toda a sujeira foi
levada para debaixo da terra, e com certeza irá parar dentro do córrego que
antes era um rio. Andei alguns metros na rua vazia. Nada e nem ninguém
para ser observado, o barulho de um carro me fez vislumbrar uma luz no final da
pequena rua, observei a faixa que divide as duas pistas, mão e contramão, e
andei sobre ela.
Nem na mão, nem na
contramão.
Passei em frente ao portão do
vizinho que mora ao lado, e que mal conheço.
Nada de conversa.
De visita.
Nem em dia de festa!
E fiquei me perguntando.
O que separou tanto o ser humano
do ser humano?
A criatura da criatura?
A criação do Criador?
Porque o progresso conseguiu
afastar tanto as pessoas?
Dos amigos.
Da família.
De tudo!
Andando sobre a faixa central da
rua comecei a pensar o quanto é tênue a linha que divide a vida e a
morte. Ela se rompe sem mais nem menos, e sem por quê. E quase
todos acreditam em destino e arranjam uma desculpa para explicar o
rompimento.
Todos iremos para onde a enxurrada
do dia levou o lixo da rua.
Para debaixo da terra!
Ser o adubo que não conseguimos
ser na superfície.
Senti saudades do meu tempo de
menino, sem muros, sem portas trancadas, com vizinhos quase parentes entrando
sem bater. Somente para bater um papo.
Sem preocupação com o futuro, sem
rádio para ouvir, televisão para ver, ou jornal para ler.
Com amigos de verdade, e sem
dinheiro.
A palavra stress não existia no
dicionário, acho que nem o dicionário existia. Ninguém nunca poderia imaginar
que as brincadeiras nas ruas iriam serem chamadas de bullyings, que muitas
pessoas pronunciam sem saber o que quer dizer.
Hoje, o melhor amigo das pessoas é
o celular, e o cachorro é chamado de “meu bebê”.
Se o ser humano não se preparou
para conservar o Sagrado, será que a tecnologia vai amenizar essa falta? Ou
o Sagrado vai apoderar-se da tecnologia para novamente colocar o homem no seu
devido lugar?
Qual será a tecnologia de Deus depois
de ter concebido a maior rede de comunicação?
Neurônios e nervos que estão sempre à flor da pele precisando de um
pouco de paz e um pouco de silêncio
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