Como podem ver, este texto foi
escrito em 2009, quando só se falava na GRIPE SUINA.
Sábado, final do inverno de 2009, os
moradores do Lar Divino Ferreira Braga estão abandonados, com semblantes
tristes, semelhantes aos dos bois indo para o abate.
Os funcionários ocupados nas tarefas
do dia-a-dia, quase não têm tempo para conversar com os internos.
Três horas da tarde! Nenhum visitante
apareceu para trazer um jeito de ser, ou um sorriso diferente. Para a maioria
dos moradores isso tanto faz, parece que Deus lhes fez um grande favor ao
apagar das suas memórias as lembranças do passado.
Para os poucos que raciocinam vida
aqui deve ser um martírio.
Ainda bem que na casa não tem nenhum
daqueles relógios que batem as horas como se os segundos fossem marteladas
de quem os abandonou. Seus próprios filhos e irmãos.
Abandonados pelo poder público que
pela (constituição que não serve para nada) e que tem o dever de cuidar e dar
vida digna para os filhos desta pátria mãe gentil.
Abandonados pela sociedade...
Abandonados pela modernidade que
afastam as pessoas e as colocam horas e horas em frente a uma máquina, como
esta que estou usando para escrever a angustia de quem se sente sozinho.
Na rua movimentada pessoas passam e
nem sequer olham para o prédio imponente do asilo que abriga seus moradores
como uma mãe abriga seus filhos. Aqui estão os órfãos de tudo, que da grade da
janela dos seus quartos olham para o vazio em que está se transformando este
mundo.
Estamos ao lado de uma das maiores
universidades do país, e os futuros doutores correm para as mesas dos bares, não
sabem ou não querem saber, que o seu futuro, talvez um dia seja atrás de uma
dessas janelas.
Os fieis das igrejas próximas passam
na porta do asilo e vão às celebrações achando que Deus os está esperando.
Esquecem que Ele os receberia com um sorriso muito mais bonito se entrassem por
um minuto para cumprimentar a Sua imagem e semelhança que mora aqui neste
asilo.
Eu também fico sem assunto.
Falar o que para o morador que olha
nos meus olhos como se estivesse perguntando: O que foi que eu fiz?
Chamo um deles para me ajudar a
molhar a pequena horta.
E o tempo vai passando.
O interfone continua mudo.
Daqui a pouco termina o horário de
visita.
Que horário?
Hoje ele não existiu.
À noite liguei para a gerente da
casa, e ela me disse que durante a semana as visitas também estão escassas, e
que um grupo de pessoas cancelou a visita, com receio de trazer ou levar a
gripe de mentira para dentro do Lar.
A Gripe Suína.
Que na minha opinião é apenas um
vírus da ignorância e da ganância.
Pessoas com frescuras absurdas estão
se protegendo usando máscaras, e lavando as mãos com álcool como se isso fosse
remédio. Que é um procedimento bom para a saúde não resta a menor dúvida, mas
por que só agora?
No início das aulas os alunos ficaram
em casa por prevenção, enquanto isso, nos estádios de futebol, 65 mil pessoas
se espremiam sem máscaras e sem álcool para verem o seu time jogar.
E shoppings e bares estão
lotados.
Aonde dá lucro não se mexe.
Dizem que as grávidas estão mais
propensas ao vírus, e todas as funcionárias públicas estão tendo o privilégio
de irem para suas casas sem terem o dia cortado no salário.
Por que todas a grávidas que
trabalham na iniciativa privada não têm o mesmo privilégio?
Quem se atrever a ler este texto deve
estar me achando maluco, e dizendo: Este cara começa escrevendo sobre o
abandono dos asilos e depois passa a falar de gripe!
Este assunto entrou porque essa gripe
é a bola da vez, e todos que podem estão tirando proveito econômico e político
desta mentira que chamam de pandemia.
O vírus que causa morte pelas drogas
deveria ser uma pandemia.
O vírus que causa morte por falta de
assistência médica deveria ser uma pandemia.
O vírus que causa morte pela
violência, principalmente dos policiais, deveria ser uma pandemia.
Estes e outros tantos vírus
espalhados pelo mundo afora, são transmitidos com muito mais facilidade que o
da maldita gripe suína que sempre existiu e que agora ganhou nome.
E o causador de todos eles é,
O Vírus da Indiferença.
Geraldo,
ResponderExcluirFico sem palavras, quando leio textos seus que abordam problemas socias. Como é MAU, o HOMEM, como é MÁ, a HUMANIDADE!
Esse vírus existe, infelizmente, em todos os países, mas Ele, um dia vai separar trigo do joio. Eu sei que até lá muita injustiça e indiferença se vai cometendo e praticando, mas Ele não dorme.
Bom domingo!
Abraços.
PS: Novo poema no meu blog, aliás, já tem uma semana, mais ou menos. Gostaria que me visitasse. Tá? Obrigada!
Olha, deixa eu falar: a imagem está "de gritos" e exprime, infelizmente, a realidade brasileira e não só.
ResponderExcluirAbraço, paz e bem!