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ESTE CARINHO PRECISA SER VIA DE MÃO DUPLA. |
O que estou retratando nesse texto não se aplica a todos os filhos e
filhas. Porque graças a Deus existem muitas e belas exceções que enchem seus
pais de orgulho, e esses sentem-se orgulhosos por terem gerado filhos
maravilhosos.
O que me incomoda é ver o quanto esta geração que está se despedindo do
mundo é explorada por aqueles que foram criados com carinho. Refiro-me aos
sobreviventes que estão acima dos cinquenta anos e que bravamente resistem a
tanta mudança tecnológica e de comportamento. Quando jovens morávamos com
nossas famílias, a maneira de nos comportamos era estabelecida pelos pais, e praticamente
todos eram obrigados a trabalharem para ajudar no sustento da casa.
Os jovens de hoje estão demorando mais para saírem da casa dos pais, não
querem perder a mordomia de ter tudo de graça e no tempo que quiserem. Tem
os que se casam ou se envolvem em algum
relacionamento e continuam morando com os pais, outros, depois da separação
voltam para casa trazendo a tiracolo, filhos, cachorro, periquitos, e outros
bichos para os "caseiros" cuidarem, sem ao menos darem-se ao trabalho
de perguntarem se os mesmos estão de acordo. Os filhos estão
transformando a casa dos pais em um motel de luxo, ou em uma creche que presta
serviço voluntário. Alguns levam seus namorados ou namoradas para dentro do
“seu” quarto, e consequentemente pais e mães transformam-se em meros porteiros
e camareiras de um motel. O grande
absurdo é a conivência de alguns pais, principalmente os mais jovens que acham
esse comportamento natural e dizem: “os jovens de hoje são assim, é melhor que
seja em casa”. Os filhos escondem-se atrás de computadores e telefones de todos
os tamanhos, com seus fones de ouvidos já não ouvem mais a voz de quem os
gerou. Cada um quer ter seu carro mesmo sem ter condição financeira para
mantê-lo. Saem pelas madrugadas fazendo pegas colocando suas vidas e a de
pessoas inocentes em perigo. Com seu “som bombado” obrigam os mais velhos a
ficarem ouvindo uma barulheira infernal que chamam de música.
Os que conseguem um relacionamento estável, constantemente deixam os
filhos com os avós para curtirem uma balada, ou simplesmente para passarem dias
de descanso em uma viagem de lazer. O inacreditável é que nem se lembram de
convidá-los para a viagem, onde com certeza, além de fugirem da rotina poderiam
ajudar a cuidar dos pequenos. Avô e avó que nunca viram o mar são obrigados a
cuidarem de netos e bisnetos para que seus filhos possam passarem dias em
alguma praia.
Avós e avôs estão cuidando dos filhos da irresponsabilidade ética e
financeira de quem os gerou. Não é preciso ir longe para constatar, andem nos
arredores de uma creche ou de uma escola. Verão a quantidade de homens e
mulheres já idosos levando e buscando seus netos, pasmem, carregando as
mochilas dos “filhos” que não geraram. Como toda criança tem a magia do
encantamento que muitos pais modernos não conseguem vislumbrar. Os avós, mesmo
cansados e contrariados assumem a responsabilidade de cuidar da sua segunda e
até da terceira geração, porque os filhos que geraram não se prepararam para
acolher com responsabilidade os frutos de uma transa qualquer, ou vindos de um
relacionamento mal resolvido. Fiquei estarrecido quando uma amiga me chamou
para conversar, em prantos desabafou a desventura de ser obrigada a cuidar de
bisnetos. Com uma profunda tristeza no olhar reconheceu que não soube criar a
filha e suas duas netas que agora lhe jogaram no colo duas vidas inocentes para
cuidar. Pais e mães são estranhos dentro de sua própria casa Hoje, de cada dez
aposentados, posso afirmar sem medo de errar, oito estão pagando a prestação de
um maldito empréstimo consignado que foi efetuado para atender à necessidade
financeira, e até para manter o terrível vício de filhos e netos. E como este é
um país de brincadeira, uma lei idiota determina que os bens de uma família
sejam repartidos logo depois da morte de um dos pais. E por esse motivo é comum
assistirmos irmãos se digladiando e obrigando aquele ou aquela que não tiveram
a sorte de morrer a vender o patrimônio construído a dois para repartir com herdeiros
os bens que não ajudaram a construir. Esses mesmos herdeiros, mesmo aqueles
criados com carinho, não assimilaram as palavras, respeito, decência, e amor no
trato com os pais, e por pura ganância esqueceram que foi graças à união de
corpo e alma e coração de seus pais que eles foram gerados.
Sei que algumas pessoas ao lerem esse texto acharão que sou apenas um
velho retrógrado. Talvez tenham razão. Mas prefiro ser chamado de ultrapassado
e colocar o dedo na ferida, do que ser mais um que tudo vê e tudo ouve sem
achar que não tem nada a ver com esse problema, simplesmente porque ainda não
sentiu na pele este assalto à mão desarmada que está infernizando a vidas das pessoas que tiveram a ousadia de
envelhecer.
Sr. Geraldo,
ResponderExcluirInfelizmente essa é a nova realidade, é triste ver os pais sendo injustiçados por uma opção egoísta de seus filhos, mas até onde também lhes pode ser atribuída alguma responsabilidade? Ainda há muitas famílias que preservam o respeito e principalmente a responsabilização de seus filhos por seus atos.
Abraços,
Eleonora
Olá, Eleonora,
ExcluirQue bom você ter colocado seu e.mail no comentário, já lhe respondi. Um abraço
Os jovens não estão vendo futuro nenhum no horizonte...
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