22 novembro, 2011

TEMPERATURA ALTA

 ESCREVI ESTE TEXO NO DIA 28 DE JANEIRO DE 2006.  E COM TRISTEZA VEJO QUE O NOSSO MUNDO MORRENDO 



ESTA É A HERANÇA QUE VAMOS DEIXAR PARA OS NOSSOS FILHOS.


Quero pedir licença às pessoas da minha idade porque agora estou escrevendo para uma galera diferente. Este texto está sendo escrito para os jovens de quinze aos quarenta anos que são os herdeiros e donos do mundo.
Hoje fazendo minha caminhada de todos os dias em uma pista margeando o que sobrou do rio da minha infância comecei uma conversa com uma galera imaginável como se ao meu lado estivesse caminhando alguém.
Eram cinco horas da manhã com uma temperatura amena e uma leve chuva salpicando meu rosto e embaçando meus óculos depois de um dia em que a temperatura  tinha atingido  a marca de vinte e cinco graus.
Gostaria que os jovens pedissem  a seus pais e avós que lhes falem como era a vida deles há quarenta anos atrás e eu vou falar da minha cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.
Nasci e moro na cidade de Betim, e em praticamente em todos os bairros, com raríssimas exceções, havia uma ou mais nascentes de águas cristalinas que formavam pequenos riachos que eram a alegria das lavadeiras e das crianças que corriam para ver os peixes nadando para todos os lados.
Todos os quintais tinham uma horta e algumas árvores frutíferas. Os frutos silvestres que hoje talvez ainda existam em algumas cidades do interior eram abundantes e saboreados como um manjar dos deuses. A natureza era exuberante com suas plantas e suas nascentes que formavam córregos, riachos e rios, e era  muito diferente do que observamos hoje. As quatro estações do ano eram distintas e vinham para embelezar e dar vida a tudo que Deus criou.
Primavera.
Inverno.
Outono.
Verão.
Cada uma delas tinha seu tempo certo para começar  e terminar, e raramente uma invadia o espaço da outra.
A primavera vinha com o perfume das flores e dos frutos e um com vento brando soprando como se estivesse fazendo caricias semelhantes às de alguém apaixonado.
O inverno vinha trazendo o frio que chegava a rachar nossos lábios nos convidando para um recolhimento regado a um bom vinho ou uma cachaça, acompanhados de verdadeiras maravilhas em forma de tira-gosto.
O outono vinha com seu vento forte arrancando as folhas das arvores e trazendo as chuvas que duravam dias e transformava a meninada em engenheiros construtores de represas para cercar as enxurradas que desciam dos morros fazendo buracos porque naquele tempo pouca gente sabia o que era asfalto.
O verão vinha aquecer o corpo e o coração das pessoas para que pudessem aproveitar o máximo da luz e da energia do astro rei.
Era exatamente assim
E hoje?
As quatro estações são conhecidas apenas pelas datas porque em um só dia elas se manifestam ao mesmo tempo perturbando a vida de todas as criaturas de Deus.
A causa deste desarranjo está visível em todos os lugares onde o lixo seco se mistura com o lixo úmido  jogados nas ruas e visto  a cada fração de segundo em que o nosso olhar é lançado para um determinado ponto. Não estou dizendo que a culpa é da poluição causada pela falta de educação ecológica de muitas pessoas de todas as classes sociais.
É por isto que estou falando para os mais jovens que estão tomando posse da herança maldita que estamos deixando para eles. Eu queria que esses meninos e meninas de todas as idades, de todas as classes sociais e de todas as raças se unissem para mudar a mentalidade ecológica desses novos tempos. Eu queria que eles passassem a observar a boca de lobo da sua rua, com ou sem tampa, que  deveria levar o esgoto e que está sempre entupida pela nossa estupidez. Eu queria que os moradores dos bairros nobres começassem a observar que poucos são os que reciclam o lixo, mesmo onde existe coleta seletiva, nos dando a impressão que os ricos não sabem o que preservação da natureza. Eu queria que os moradores da periferia lutassem contra os que jogam o lixo nas ruas e calçadas e em lotes vagos ou no leito de córregos agonizantes. Eu queria criassem uma consciência ecológica para que a pobreza e o abandono dos órgãos públicos não fossem os únicos responsáveis e desculpa para serem obrigados a dividir seu espaço com ratos e outros bichos peçonhentos. 
Eu queria que os jovens começassem uma luta, ou diríamos uma guerra, para que a Mãe Natureza volte a ser respeitada.
É preciso lutar contra os políticos corruptos e contra o poder econômico e principalmente contra a nossa própria ignorância que nos faz ficar alheios achando que o progresso e a tecnologia e a ciência vão conseguir realizar um milagre maior que o de Deus e recuperar tudo que foi destruído.
Daqui a cinquenta anos os meus e os seus filhos e netos suportarão quantos graus? Daqui a cinquenta anos ainda haverá água para matar a sede dos nossos filhos e netos?
Hoje ela ainda é potável e muito cara, e está acabando sem que a maioria das pessoas esbocem algum tipo de preocupação. Comecemos a fotografar e filmar tudo que ainda existe de preservação para que os nossos filhos daqui a cinquenta anos possam  assistir com tristeza ou com alegria. Com alegria se os herdeiros tiverem conseguido mudar o jeito de tratar a filha predileta da Mãe Natureza, a nossa irmã água que se indigna até com a mais simples agressão que é usa-la pra substituir a vassoura e lavar o carro todos os dias sem ao menos se dar ao luxo de fechar a torneira enquanto esfrega a lataria reluzente.
Com tristeza quando verem as fotos ou assistir os filmes e depois olharem  pelas janelas e ver que até o que foi gravado já não mais existe.

 

3 comentários:

  1. Olá estimado Geraldo,

    Bom, entre os 15 e os 40 anos? Ainda, não posso comentar. Tenho 14.
    Bom , mas como gosto de você, vou deixar minha opinião.
    Na realidade o mundo está em mutação. Antes dessas alterações climatérias, há muitos milhares de anos, a terra teve coberta por glaciares intensos. Depois, o clima foi melhorando, ficando um pouco mais quente.
    39º graus? Eu quero ir para aí, posso?
    Aqui estão 15ºg. Que frio de corpo e alma.

    O FUTURO HA DE SER RISONHO, SE DEUS QUISER.

    Beijos de luz.

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  2. Olá querido Geraldo,

    Obrigada por suas palavras em meu blog.
    Já sou luz que irradia, que incendeia, tomemos cuidado, com as alterações climatéricas.

    Vamos rezando para que tudo dê certo.

    Beijos de luz.

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  3. Olá querido Geraldo,

    Como vamos de emoções climatéricas?

    Bom fim de semana.

    Beijos de luz.

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