À medida que aumentam a tecnologia e a complexidade da medicina como ciência e arte, a assistência médica vem se tornando descaracterizada, despersonalizada.
O mercado, regido pela concorrência, muitas vezes desleal pelo clientelismo e sub-empreguismo, oprime e avilta. Em conseqüência, a sobrevivência das pessoas, inclusive dos médicos, exige malabarismos. As pessoas são exploradas por outras, pelas instituições, pelos planos de saúde e pelo próprio Estado. Esse modelo nada construiu, pelo contrário, temos assistido diariamente pela mídia, indignados, a destruição e a morte, conseqüências do ódio entre grupos e nações, quando se perde a grande oportunidade de promover a paz.
Na saúde, a sociedade exige do médico e o culpa por todas as agruras que sofre para obter assistência médica, quando a culpa é dessa estrutura fraudulenta, exploradora, vil, contrária aos profissionais de saúde, contra aqueles que procuram seus serviços e contra a vida.
Diante desta situação é urgente que se busque antes de tudo uma sociedade justa, digna, equânime, cidadã, estimulando através dos movimentos sociais, participações mais ostensivas nas lutas justas e necessárias pela solução desses problemas.
É preciso incitar as mudanças desse modelo político vigente, globalizante, neoliberal e escravizante, diante da desvalorização das funções sociais, humanas, ambientais e ecológicas.
Diante de tudo isso, é fundamental a reflexão sobre o papel do médico e o que significa a medicina hoje: O que pode fazer o médico como profissional de maior participação na vida das pessoas, para assessorá-las de forma digna, solidária, para obtenção de uma vida plena, como ensina o Evangelho de Jesus Cristo?
A sua função é muito mais a habilidade de abordar a pessoa doente com o propósito de aliviar mais efetivamente o impacto da enfermidade sobre ela; utilizar-se não apenas da ciência, obtendo os dados objetivos de uma anamnese minuciosa, de um exame físico cuidadoso, da análise dos exames de laboratório e de técnicas especiais de apoio diagnóstico; é ter a humildade de ouvir a opinião de um consultor.
Para isso, é preciso saber escutar: ouvir o inaudível com a subjetividade das insinuações, os medos não confessados, os sentimentos mudos, lembrando-se que a mente/alma pode adoecer o corpo.
Há uma tendência em tratar o sintoma ou mesmo a doença ao invés de tratar a pessoa como um todo no contexto mente-corpo.
A eficácia da terapia depende da forma pela qual o médico em seu relacionamento através do respeito, da atenção, da empatia, possa mobilizá-lo, mantendo-o cooperativo e motivado para se atingir os objetivos do tratamento.
Hoje, mais do que nunca, não é possível o exercício da medicina sem humanismo.
Temos que compreender o sofrimento causado pela forma que o paciente responde às suas perdas, que certamente poderiam desencadear aquele processo, pois as pessoas normalmente reagem com desamparo ou desesperança: às perdas de um ente querido, de uma função do corpo, de um amor, de um emprego, de uma ideologia, de um estado social, econômico, entre outros.
A ampla visão do paciente além de órgãos e sistemas, de corpo e alma, permite ao médico ultrapassar seus limites de conhecimento e habilidades técnicas: ampliar sua capacidade de criar um Relacionamento Médico-Paciente generoso e perceber se ele está decepcionado, deprimido, solitário, não valorizando a sua vida.
Referências:
1 – Melo Franco, M.: J. Viverbem Saúde ano III Ed. 35, 2001.
2 – Pedroso, ERP: Os desafios da Clínica Rev Med Minas Gerais, 2001; 11 (2): 116-21.
Este texto foi escrito pelo Médico Neurologista Dr. Márcio Melo Franco, Secretário Asjunto da Secretaria de Saúde de Betim - Minas Gerais
Perfeito amigo é preciso uma revolução no sistema de saude,capinar todas as mazelas herdadas, purificar a medicina e os medicos.FAzer valer o juramento,criar condições de trabalho e exigir o trabalho digno e correto.Temos bons profissionais e maus profissionais e nesta área é fatal o mau.A politica para a saude é uma vergonha, uma lástima só.Quem tem dinheiro tem saude,quem não tem morre pelas filas.Como pode alguem pagar 35 anos de previdencia e ainda ter que ter um plano de saude para consultar? E por que os planos são tão caros e excludentes, principalmente se a pessoa ultrapássar a barreira dos 50 anos.E o trabalhador assumiu e nada mudou,onde vamos buscar esperança de um final de vida mais tranquilo para os menos favorecidos?
ResponderExcluirMedicina pra todos é a ordem.
Há esperança? Fico na duvida, onde o capitalismo avança com capa de socialismo.
Um abraço amigo e vamos nesta luta e jornada por um mais justo e humano.
Uma luta que não tem prazo.
Fique bem e na paz amigo.
Viva Minas com todo seu espirito de revolução.
Olá estimado Geraldo,
ResponderExcluirSerá desta?
O texto, por si postado, e da autoria de um médico, creio eu, é de uma pertinência atroz!
A política da saúde é, deveria ser, olhada com olhos de ver.
Lidar com vidas, não é o mesmo, que vender feijão.
A Saúde e o Ensino são os sectores, em minha opinião, mais importantes na nossa sociedade.
Tenho esperança, que dias melhores hão-de vir.
Bom Domingo!
Abraços de luz.