31 agosto, 2011

CARA A CARA COM O VAZIO

                                                                                                                                         


                                         

Estive pensando e ao mesmo tempo observando a maioria das pessoas aposentadas que conheço. Agora tenho certeza que para muitos a aposentadoria é um passaporte para o cemitério. Aposentadoria para quem entrega-se ao ócio não é prêmio. É castigo e nos primeiros meses a pessoa aposentada pensa ter entrado no paraíso e começa a fazer planos como se fosse um pássaro querendo voar.
Visita os amigos e parentes mais distantes.
Fala dos anos trabalhados e dos chefes que torravam sua paciência. Mas depois de algum tempo os amigos e parentes já se tornam meros estranhos. Quando se é rico e leva a vida viajando, durante certo tempo isso realmente deve ser muito prazeroso. Quando não tem grandes posses e mora em uma casa com quintal, se quiser pode ocupar o tempo ocioso cultivando uma pequena horta. Mas quando mora em prédios com muitos andares, a melancolia torna-se maior e o aposentado fica olhando pela janela de um apartamento cuja visão muitas vezes nada panorâmica o coloca cara a cara com o vazio Levantar de manhã depois de uma noite bem ou mal dormida, espreguiçar e olhar pela janela sem ter um lugar para onde ir ou alguma coisa para ocupar o tempo e a mente deve ser o pior dos martírios. Receber um mísero salário da aposentadoria no começo do mês e reclamar o tempo todo que está sendo roubado e que o salário está sumindo, deve ser uma rotina muito dolorosa.
Ficar horas e horas conversando consigo mesmo ou ficar esperando a banda passar também não leva a lugar algum.
Quando a mente para de pensar e o corpo perde seus movimentos a vida se estagna e os sentidos se afrouxam.
Para ter uma vida saudável a pessoa aposentada não pode desligar-se do tempo e do mundo. O baralho, o bingo, o jogo de dama ou xadrez são realmente excelentes passa tempo, mas a vida não é e não pode ser simplesmente um jogo.
Sou aposentado.
Do trabalho.
Da vida não.
Precisamos saber administrar o tempo.
Que é implacável.
Antes que ele fique longo demais.

E leve a nossa vida.                   

3 comentários:

  1. Oi Geraldo, estava lendo seu texto sem tomar folego pra não me afogar de tantas verdades escrita aqui.Vejo pessoas que dizem feliz que estão aposentada mais na verdade carregam uma solidão tão grande que dá até aflição. A aposentadoria deveria ter passaporte pra felicidade, não pra viver essa angustia que vejo ai. Sou revolta com essa lei que precisa de uma pessoa contribuir durante 65 anos para depois receber uma esmola que o governo paga, e eles lá fazendo farra com o dinheiro do povo. Quanta desigualdade nessa vida, mas na verdade o povo precisa aprender pra entender o valor que tem o seu voto. O voto do povo vale ouro e eles ainda nem perceberam isso. Só entendem quando estão numa fila mendigando uma consulta, ou em fila de um hospital público. É triste mais a realidade está na nossa cara e o povo não vê. Parabéns pelo texto, me fez muito bem lendo.Beijos e ótima noite.

    Smareis

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    1. Geraldo eu não acho que aposentar é ter que parar de viver, acho que enquanto tivermos saude devemos trabalhar, e ninguem deve ficar esperando aposentar para não fazer nada! Ê a coisa pior que tem é não ter o que fazer, é claro que quando tem o tempo de contribuição que é 35 anos e não 65, deve aposentar, pois é um direito de todo contribuinte, mas será que em todo esse tempo não deu para economizar, fazer alguma coisa para ter uma renda que ajude na aposentadoria?

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  2. olá querido Geraldo,

    Li, com muita atenção, todo o seu texto, com o qual estou, inteiramente, de acordo.
    Parar é morrer.
    A actividade física faz bem à mente.
    Apareça há novidades. Obrigada.

    Beijos de luz.

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